Arborização protege cafezais contra geadas 13/03/2023 - 16:38
Estudo avalia sete espécies, candiúba e pau-jangada são as mais promissoras
Há bastante tempo se sabe que o sombreamento pode reduzir danos por geadas em lavouras de café. Mas, quais árvores dão melhores resultados? Para responder essa questão, o IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater) desenvolve há mais de 10 anos, em Londrina, um estudo envolvendo sete espécies.
Candiúba (Trema micrantha) e pau-jangada (Heliocarpus popayanensis) apresentaram o melhor desempenho. “Após episódios de geada, verificamos menos da metade de desfolha e redução em 30% da mortalidade de plantas de café nas lavouras consorciadas com essas espécies”, relata a pesquisadora Patricia Helena Santoro.
O estudo avalia também as árvores moringa (Moringa oleifera), capixingui (Croton floribundus), gliricídia (Gliricidia sepium), manduirana (Senna macranthera) e bracatinga (Mimosa scabrella). É um dos maiores experimentos do tipo realizados no país.
Santoro explica que a extensão dos danos ocasionados por geadas é determinada pela quantidade de massas de ar polar que penetram na região produtiva, sua duração e, ainda, por características do próprio cafeeiro, como idade, nutrição, vigor e sanidade.
A PESQUISA — A proposta de arborizar lavouras de café tem o objetivo de interferir no microclima para favorecer a lavoura com redução da amplitude térmica — aumento das temperaturas mínimas e redução das máximas.
Para isso, é preciso avaliar os impactos do tamanho, arquitetura e densidade da copa das árvores e, também, aspectos relacionados ao manejo do sistema, como distribuição de árvores, espaçamento e até eventual necessidade de podas, de acordo com Santoro.
“O formato da copa, a quantidade de árvores e sua distribuição no cafezal definem o nível de proteção”, conta Santoro.
O ensaio foi instalado em 2012 e utiliza a cultivar de café IPR 98, desenvolvida por melhoristas do próprio IDR-Paraná. As árvores foram escolhidas por sua adaptabilidade às condições de solo e clima da região, pelo crescimento rápido e, ainda, o potencial para produzir lenha, já com o objetivo de oferecer ao produtor um segundo produto de valor comercial na mesma área.
“Para compreender as inter-relações no sistema, avaliamos sistematicamente os parâmetros relacionados ao desenvolvimento das árvores e dos cafeeiros, como produtividade e qualidade dos grãos, aspectos do microclima, incidência de pragas, doenças e plantas daninhas, entre outros”, conclui a pesquisadora.