Associação de Chopinzinho contribui para o desenvolvimento da mulher rural paranaense 08/03/2023 - 15:29
“O que será que essas mulheres estão querendo fazer? Mandar nos homens?” era o que ouvia Maria Tereza Simon Remor, a fundadora da Associação das Mulheres Rurais de Chopinzinho (AMR), oficializada em 1987. Este foi apenas um dos desafios encontrados pela Associação, idealizada depois que Maria Tereza e mais três mulheres participarem do Primeiro Encontro Estadual das Mulheres Rurais em Curitiba.
Iniciada para dar voz à mulher rural, a organização encontrou barreiras nas próprias agricultoras, que não se valorizavam. “As mulheres achavam que só os homens trabalhavam, não tinham ideia do quanto eram importantes na propriedade. Muitas nem documentos tinham, usavam documentos do marido. Tudo isso tivemos que resolver. Hoje está tudo diferente. Começamos com 62 mulheres e já temos mais de 180 associadas”, afirma Maria Tereza.
Foi na associação que a produtora de morangos Eliane Terezinha de Abreu Silva, conseguiu encontrar uma forma para manter sua vida no campo depois de deixar a cidade grande. “Vim embora quando meu filho era pequeno para dar uma vida com mais qualidade para ele. Mas, no começo encontrei tanta dificuldade que pensei em desistir e voltar para Curitiba. Até que conheci a associação e, com a assistência técnica que recebi do IDR-Paraná, consegui viver da minha produção. Agora meu filho e sua esposa também trabalham com agricultura. Trabalhamos juntos. Sinto que alcancei meu grande objetivo”, conta Eliane.
De acordo com o Censo Agropecuário 2017, 13% dos estabelecimentos agropecuários do Paraná são comandados por mulheres. Ou seja, cerca de 40 mil propriedades têm a mulher no comando. A Associação da Mulheres Rurais contribui para o desenvolvimento da agropecuária de Chopinzinho que é formada principalmente por pequenas propriedades produtoras de grãos, frango de corte, leite - sendo um dos principais produtores do Sudoeste - e com uma forte agroindústria.
A associação oferece diversidade para comercialização dos produtos, através da organização de feiras e uma loja física, montada na própria sede da associação.
Além disso as produtoras também têm a possibilidade de realizar o processamento dos produtos na associação, agregando maior valor de comercialização. Os morangos produzidos pela Eliane, por exemplo, se transformam em geleias, coberturas de cucas ou podem ser vendidos congelados.
E, desde que a associação passou a fazer parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante a venda da produção para a merenda escolar do município e da região. Melhorando a qualidade do alimento servido ao aluno e gerando renda para as associadas.
Parte das ações para fortalecimento desse grupo veio com a ajuda do Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná) e da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Com recursos de programas como o Coopera Paraná a Associação foi equipada com uma cozinha industrial no valor de R$ 135,2 mil. Nesse espaço, é realizada uma feira de cuca, que ajuda com as despesas. São vendidas até 360 cucas por dia, todas produzidas pela diretoria da entidade. E, no último ano, conseguiram adquirir um caminhão baú refrigerado, que auxilia na entrega da merenda e ampliaram a sede da associação.
A extensionista rural do IDR-Paraná, Márcia de Andrade, explica que os equipamentos colaboraram para profissionalizar os trabalhos de panificação, geleias, compotas, e o armazenamento dos produtos da merenda. “Tínhamos produtores que produziam pão para merenda em fornos pequenos. Agora, conseguiram fornos maiores, amassadeira, cilindro, tudo para ter a proporção de produtos que precisam, economizando tempo e dinheiro”, diz.
Marcia também reforça que essa união entre as mulheres fez aumentar a renda e a qualidade de vida das famílias. “Quando elas trabalhavam sozinhas tudo ficava mais difícil. Era cada uma por si. Mas quando se associaram ficou mais fácil. A venda e a entrega para merenda escolar, que são feitas pela associação, garantem que os produtos tenham comercialização. A Feria de Produtos Coloniais, que acontece semanalmente e é organizada pela associação, é mais uma opção de vendas. Desta forma conseguiram ampliar seus negócios e estão crescendo”, conta Márcia.
O apoio ao associativismo é apenas um dos projetos que o IDR-Paraná desenvolve para valorizar a produtora rural paranaense e tirar a mulher do campo do papel de coadjuvante e transformá-la em protagonista da sua própria história e do seu trabalho. Com ações de assistência e de promoção social, o Instituto atende mais de 20 mil mulheres rurais em todo o estado.
Reportagem: Assessoria de Comunicação