Boletim Agrometeorológico do IDR-Paraná de outubro aponta novamente escassez de chuva em todo o estado 11/11/2024 - 14:26
Outubro de 2024 foi novamente um mês mais seco no Paraná. Nas regiões mais ao norte do Estado, essa condição de estiagem persiste desde maio, enquanto no sul, a escassez de chuvas vem ocorrendo desde agosto. Embora algumas áreas do Sul e do Litoral tenham registrado chuvas significativas, com volumes variando entre 153,8 mm e 299 mm (Figura 1), a maior parte do Estado, aproximadamente dois terços, acumulou, em média, 105 mm. Outra característica desse mês foi a distribuição irregular das chuvas em localidades próximas, contemplando maiores volumes em alguns locais e menores em outros. O maior índice de precipitação mensal foi observado em Palmas/Horizonte, na região Sul, com 299 mm, enquanto o menor foi em Loanda, no Noroeste, com apenas 19 mm.
Figura 1. Precipitação registrada em outubro de 2024 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
As anomalias de precipitação foram inferiores à média histórica em todas as regiões do Estado (Figura 2), com exceção de algumas áreas pontuais (Figura 3). As regiões Norte e Noroeste registraram os menores acumulados, com déficits de -81,2 mm e -81,6 mm, respectivamente. A região Sul foi a que mais se aproximou da média histórica, com um déficit de -34,9 mm, enquanto a região Oeste apresentou o maior déficit, de -86,5 mm. A média estadual de precipitação foi de 136 mm, enquanto a média histórica é de 201,4 mm.
Figura 2. Precipitação média (mm) registrada em outubro de 2024 e histórica (1976-2023) nas regiões do Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar. RMC - Região Metropolitana de Curitiba.
Figura 3. Anomalia de precipitações (mm) registradas em outubro de 2024 em relação à média histórica no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
Em outubro, as temperaturas máximas ficaram acima da média histórica na maior parte do Estado (Figura 4). Intensos períodos de massa de ar quente afetaram o Paraná durante grande parte do mês, resultando em temperaturas máximas até 4 °C acima do normal, com destaque para o extremo Oeste do Estado. A maior temperatura máxima média registrada foi de 33,0 °C em Loanda, no Noroeste, enquanto a menor ocorreu em Palmas/Horizonte, no Sul, com 21,6 °C. De forma geral, a temperatura máxima no Paraná foi, em média, 1,1 °C superior ao esperado.
Figura 4. Anomalia das temperaturas máximas do ar de outubro de 2024 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
As temperaturas mínimas também ficaram acima da média histórica na maior parte do Estado, com algumas áreas do Noroeste e Oeste registrando valores até 2 °C acima da média (Figura 5). Em Loanda, no Noroeste, foi observada a maior temperatura mínima média do Paraná, de 22,2 °C. De maneira geral, a temperatura mínima no Estado foi 1,1 °C superior à média esperada.
Figura 5. Anomalia das temperaturas mínimas do ar de outubro de 2024 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
AGRICULTURA
Com base nos boletins semanais elaborados pelos técnicos do Departamento de Economia Rural do Paraná (DERAL), este texto analisa a influência das condições climáticas de outubro sobre as principais culturas agrícolas do Estado.
O cenário agrícola do Paraná em outubro indica que, embora tenha havido desafios em algumas culturas e regiões, a maior parte das atividades agrícolas apresentou um desenvolvimento favorável, com condições meteorológicas suficientes para atender à demanda da agricultura.
MILHO 1ª SAFRA: Até o final de outubro, 97% da área destinada ao milho da 1ª safra foi semeada, beneficiada pelo clima mais seco e pela boa distribuição das chuvas. A grande maioria das lavouras foi classificada como boa (96%), com o restante apresentando desenvolvimento médio.
SOJA: Durante o mês de outubro, 74% da área prevista para a soja foi semeada no Paraná, com 99% das lavouras apresentando boas condições de desenvolvimento. No sul do Estado, a baixa umidade do solo no início do mês dificultou e atrasou o plantio em algumas localidades, mas a situação foi normalizada com as chuvas da segunda quinzena. Nas regiões norte, a distribuição das chuvas foi irregular, com alguns locais recebendo maiores volumes de precipitação do que outros, mas, no geral, a quantidade de chuva foi suficiente para o bom desenvolvimento inicial da cultura.
FEIJÃO 1ª SAFRA: A semeadura do feijão atingiu 93% da área prevista até o final de outubro, com excelente desenvolvimento em 96% das lavouras.
CANA-DE-AÇÚCAR: A colheita da cana apresentou uma boa evolução e foi finalizada ou está em fase de conclusão, com boas produtividades. Simultaneamente ocorreu o plantio das novas lavouras, as quais apresentam bom desenvolvimento.
MANDIOCA: A colheita da mandioca transcorreu de forma satisfatória em outubro, com produtividade dentro do esperado. No entanto, a seca no Noroeste do Estado prejudicou a germinação nas áreas replantadas e nas novas lavouras, o que resultou na necessidade de replantio em algumas delas.
TRIGO: A colheita do trigo atingiu 91% da área cultivada no Estado, mas a produtividade e a qualidade ficaram abaixo das expectativas. Nas áreas restantes as expectativas são um pouco melhores, embora 50% das lavouras tenham sido classificadas como boas, 36% como médias e 14% como ruins. O desempenho insatisfatório foi principalmente devido a condições climáticas adversas, como seca intensa, altas temperaturas na fase vegetativa e geadas fortes em agosto durante a formação inicial dos grãos, especialmente nas regiões Sul, Oeste e Sudoeste.
CAFÉ: Em outubro, ocorreram as primeiras floradas do café, com bom desenvolvimento vegetativo das plantas.
OLERICULTURA: Iniciou-se a colheita da cebola de variedades precoces, com boas produtividades. As lavouras de batata colhidas também mostraram bons resultados, assim como as recém-plantadas, que se desenvolveram bem. O plantio de tomate foi concluído, e as lavouras apresentaram bom desenvolvimento vegetativo e frutificação.
FRUTICULTURA: A produção de laranja foi afetada pela seca e pelo calor excessivo, resultando em produtividade abaixo do esperado. O calor também prejudicou a produção de morangos. A quantidade de horas de frio foi insuficiente para uma boa produtividade de maçãs. Pêssegos e nectarinas, colhidos em outubro, também apresentaram baixa produção devido às geadas durante o florescimento. Por outro lado, goiaba, uva e acerola, que estavam em fase de colheita, apresentaram boas produtividades.
PASTAGENS: Nas regiões sul do Estado, as pastagens se recuperaram bem dos danos causados pelas geadas e incêndios, oferecendo condições favoráveis para o pastejo de gado de corte, leiteiro e pequenos animais. No entanto, no norte e noroeste, a recuperação tem sido mais lenta, com baixa produção de massa verde, o que ainda dificulta o manejo do gado.
MANANCIAIS HIDRICOS: Os níveis dos rios, riachos e lagos permaneceram baixos durante outubro, pois o volume de chuvas ainda não foi suficiente para normalizar seu abastecimento, principalmente nas regiões mais ao norte do Estado.
Elaborado pela Agrometeorologia do IDR-Paraná1 e técnicos da SEAB/DERAL2:
Heverly Morais1
Carlos Hugo Winckler Godinho (Organizador) 2
Pablo Ricardo Nitsche1
Angela Beatriz Ferreira da Costa1
Clauceneia Ludwig1
APOIO: SIMEPAR