Boletim Agrometeorológico do IDR-Paraná de setembro aponta escassez de chuva em todo o estado 07/10/2024 - 10:36

Em setembro de 2024, assim como em agosto, ocorreu pouca precipitação em todo o Paraná. Nas regiões Norte e Noroeste do Estado, a seca persiste desde maio. Embora algumas localidades do Sul e Litoral tenham registrado chuvas um pouco mais significativas, variando entre 121 mm e 157,2 mm (Figura 1), grande parte do Norte e Noroeste paranaense acumulou menos de 80 mm. O maior quantitativo de precipitação mensal do Paraná foi observado no município de Palmas, na região Sul, com 157,2 mm, enquanto o menor índice foi registrado em Jaguariaíva, no Centro-Norte do Estado, com apenas 12,6 mm.

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 Figura 1. Precipitação registrada em setembro de 2024 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

As anomalias de precipitação em todo o Estado foram significativamente inferiores à média histórica (Figura 2), com exceção de algumas áreas pontuais (Figura 3). As regiões Norte e Noroeste registraram os menores acumulados, com déficits de 59,3 mm e 43,5 mm, respectivamente. O Litoral e a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) se aproximaram mais da média histórica, apresentando déficits de 10,8 mm e 13,3 mm. As demais regiões mostraram condições intermediárias em relação à precipitação. A média estadual de chuva foi de 97,6 mm, enquanto a média histórica é de 125,5 mm.

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Figura 2. Precipitação média (mm) registrada em setembro de 2024 e histórica (1976-2023) nas regiões do Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.*RMC - Região Metropolitana de Curitiba.
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Figura 3. Anomalia de precipitações (mm) registradas em setembro de 2024 em relação à média histórica no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

 

As temperaturas máximas em setembro ficaram muito acima da média histórica, com exceção de uma área pontual no Litoral (Figura 4). Intensas massas de ar quente afetaram o Paraná durante grande parte do mês, resultando em temperaturas máximas entre 3 °C e 5 °C acima do normal na maior parte do Estado. A temperatura máxima média registrada foi de 33,7 °C em Cambará, no Norte do Estado, enquanto a menor temperatura máxima média ocorreu em Guaratuba, no Litoral, com  22,7 °C. A temperatura máxima no Paraná foi, em média, 3,2 °C superior ao esperado.

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Figura 4. Anomalia das temperaturas máximas do ar de setembro de 2024 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

 

Os valores de temperatura máxima absoluta alcançaram níveis muito elevados em todo o Paraná, com o pico de 41,1 °C registrado em Capanema, no Oeste, e a mínima de 27,5 °C em Guaratuba, no Litoral (Figura 5). As regiões Norte e Oeste destacaram-se por apresentar as maiores temperaturas máximas absolutas, enquanto o Sul e o Litoral do Estado registraram os menores valores.

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Figura 5. Máxima temperatura absoluta do ar registrada em diferentes localidades do Paraná durante mês de setembro. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

 

As temperaturas mínimas também ficaram acima da média histórica na maior parte do Estado (Figura 6). Em Maringá, no Noroeste, a temperatura mínima média foi de 20,2 °C, 3,3 °C acima da média histórica de 16,9 °C. De forma geral, a temperatura mínima no Paraná ficou 1,7 °C acima do esperado, e não houve episódios de entrada de massas polares ou ocorrência de geadas.

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Figura 6. Anomalia das temperaturas mínimas do ar de setembro de 2024 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

 

AGRICULTURA

Com base nos boletins semanais elaborados pelos técnicos do Departamento de Economia Rural do Paraná (DERAL), este texto analisa a influência das condições climáticas de setembro sobre as principais culturas agrícolas do Estado.

Em geral, o cenário agrícola do Paraná em setembro foi desfavorável, devido a condições climáticas adversas, como secas e altas temperaturas.

MILHO 1ª SAFRA: Até o final de setembro, 74% do milho da 1ª safra já haviam sido implantados. Apesar das condições climáticas adversas, 94% das lavouras foram classificadas como boas, enquanto 4% foram consideradas médias.

SOJA: Durante setembro, foram semeadas 22% da área prevista para a soja no Paraná, apresentando boas condições de desenvolvimento.

FEIJÃO 1ª SAFRA: Na cultura do feijão, 55% da área foram implantadas até o final de setembro, com bom desenvolvimento das lavouras.

CANA-DE-AÇÚCAR: A colheita da cultura apresentou uma boa evolução, com produtividades próximas ao esperado apesar da seca. Paralelamente ocorreu o plantio das novas lavouras.

MANDIOCA: As produtividades da mandioca não foram afetadas pelo déficit hídrico, com as lavouras apresentando, até o momento, produtividades superiores ao esperado. As chuvas de setembro, apesar do baixo quantitativo, facilitaram o arranquio das raízes.

TRIGO: A colheita do trigo atingiu 62% da área cultivada no Estado, mas a produtividade e a qualidade ficaram abaixo do esperado. Ao final do mês, apenas 40% das lavouras foram classificadas como boas, 39% como médias e 21% como ruins. As principais causas desse desempenho insatisfatório foram as condições climáticas adversas, como seca intensa, altas temperaturas durante a fase vegetativa e geadas fortes e frequentes em agosto durante a formação inicial dos grãos, especialmente nas regiões Sul, Oeste e Sudoeste do Estado.

DEMAIS CEREAIS DE INVERNO: A aveia também foi colhida, apresentando produtividades reduzidas devido às condições climáticas adversas. Nas regiões Norte e Noroeste do Paraná, a seca persistente foi a principal causa, enquanto no Sul e Sudoeste, as geadas causaram prejuízos significativos. Outros cereais, como cevada, canola, centeio e triticale, também foram impactados pelas geadas de agosto.

CAFÉ: A colheita do café foi concluída, mas a seca e as altas temperaturas durante a formação dos frutos resultaram em produtividades e rentabilidades abaixo do esperado, com grãos pequenos e leves. Além disso, o clima seco favoreceu a infestação de bicho mineiro e causou queda precoce de folhas e frutos. As altas temperaturas registradas em setembro podem ter afetado negativamente às primeiras floradas, o que pode impactar a produção de 2025.

OLERICULTURA: O tomate da 1ª safra apresentou bom desenvolvimento vegetativo e uma frutificação satisfatória. A colheita da batata da 2ª safra alcançou 98%, com rendimento e qualidade dentro do esperado. Em setembro, 74% da área destinada à batata da 1ª safra foram plantadas, e 99% lavouras apresentaram boas condições de desenvolvimento.

FRUTICULTURA: Embora tenha ocorrido em quantidades menores que o esperado, as chuvas beneficiaram o desenvolvimento da melancia. A produtividade da banana foi satisfatória, pois as geadas nas regiões produtoras foram de fraca intensidade, causando apenas danos leves. As frutíferas de caroço, especialmente os pessegueiros precoces, foram afetadas pelas geadas de agosto, mas os pessegueiros mais tardios não apresentaram problemas. As ameixeiras sofreram prejuízos na floração, devendo resultar em queda na produção.

PASTAGENS: As áreas de pastagens apresentaram produção mediana de massa verde. Além de serem afetadas pela estiagem e pelo aumento de focos de incêndio durante o inverno, parte dessas áreas também sofreu com as geadas de agosto, resultando em uma redução da produção de leite em alguns municípios.

INCÊNDIO: O clima seco favoreceu o aumento da incidência de focos de incêndio na zona rural do Estado.

Elaborado pela Agrometeorologia do IDR-Paraná1 e técnicos da SEAB/DERAL2:

Heverly Morais1

Carlos Hugo Winckler Godinho (Organizador) 2

Pablo Ricardo Nitsche1

Angela Beatriz Ferreira da Costa1

Clauceneia Ludwig1

APOIO: SIMEPAR