Boletim Agrometeorológico do IDR-Paraná destaca março com chuvas irregulares e clima seco no estado 23/04/2025 - 09:44
Houve variabilidade de chuvas em março de 2025 no Paraná, mas no geral foi considerado um mês seco (Figura 1). Somente os municípios de Lapa (RMC), Antonina e Guaratuba (Litoral), Guarapuava e Entre Rios (Centro) e Palmas/Horizonte (Sul) registraram precipitações abundantes (acima de 150 mm). Com base nas estações meteorológicas do Simepar, o município com maior índice pluviométrico em março foi Guaratuba, com registro de 281,2 mm. O menor índice registrado foi de 17,2 mm em Ubiratã no Oeste do Estado.
As anomalias de precipitação ficaram abaixo média histórica em todas as regiões do Paraná, exceto no Sul que choveu ligeiramente acima do esperado (Figura 2 e 3). O Litoral, apesar de ter sido a região que mais choveu, ainda assim foi o local com o maior déficit de precipitação, com uma diferença de -125,2 mm em relação à média histórica. A média estadual de precipitação foi de 112 mm, ficando -40,4 mm abaixo da média histórica de 152,4 mm.
Em relação às temperaturas máximas, o calor foi intenso e todas as estações meteorológicas registraram valores acima de 30°C (Figura 4). A maior temperatura foi de 40,8°C observada em Capanema, no Sudoeste do Estado e a menor foi 28,3°C em Palmas/Horizonte, no Sul (Figura 4).
Todo o Estado apresentou temperaturas superiores à média histórica, com desvios de até +4°C, como ocorreu em Cândido de Abreu na região Central do Estado (Figura 5). Os menores desvios foram de 0,0°C em Toledo no Oeste do Paraná e em Antonina no Litoral.
Analisando as regiões, observa-se que o Sudoeste foi a que mais se distanciou da média histórica, com +2,3°C acima (Figura 6), devido a pouca chuva ocorrida na região. Em média, a temperatura máxima de março no Paraná foi de 30,6°C, 1,5°C acima da média climatológica que é de 29,1°C.
As temperaturas mínimas também foram majoritariamente superiores à média histórica (Figura 7). O maior desvio ocorreu em Cândido de Abreu, localizado no centro do Estado, e foi +1,8°C acima da média histórica que é 18,1°C. Em Palmas, no Sul do Paraná, registrou a menor temperatura mínima média do Estado com valor de 15,8°C. Em Guaratuba, no Litoral, foi observada a maior temperatura mínima média, de 21,7°C. Em média, temperatura mínima no Paraná em março foi 18,9°C, valor +0,7°C acima da normal climatológica.
AGRICULTURA
O texto a seguir é uma análise da influência das condições climáticas de março sobre as principais culturas agrícolas do Estado, com base nos boletins semanais e diários elaborados pelos técnicos do Departamento de Economia Rural do Paraná – DERAL.
Em geral, as condições climáticas de março não foram favoráveis ao desenvolvimento das culturas agrícolas no estado, especialmente devido à ocorrência de altas temperaturas, precipitações insuficientes e irregulares.
MILHO 1ª SAFRA: As condições climáticas de março foram benéficas para o milho primeira safra, pois a sua grande maioria estava em estágio de maturação e colheita, não necessitando de água. Isso resultou em lavouras predominantemente classificadas como boas (96%) e o restante apresentou desenvolvimento mediano. A colheita avançou significativamente, passando de 40% em fevereiro para 95% em março, com produtividades satisfatórias.
SOJA: Até o final de março, 91% da área cultivada com soja já haviam sido colhidas. A cultura foi afetada pela falta de água e pelas altas temperaturas. As produtividades foram bem variadas, mas, de maneira geral, ficaram abaixo da média estimada. No geral, 91% das lavouras remanescentes no campo estavam em boas condições e 9% em condição mediana.
MILHO 2ª SAFRA: Alguns produtores semearam o milho de 2ª safra fora do zoneamento, assumindo os riscos. Uma parte das lavouras, que estavam começando a floração, apresentou boas condições de desenvolvimento, beneficiada pelas precipitações ocorridas. Outra parte, na fase de frutificação, as chuvas foram insuficientes para suprir a demanda hídrica. A produtividade destas lavouras apresentaram perdas irreversíveis, variando entre lavouras devido às diferentes épocas de plantio. Além disso, as chuvas foram irregulares dentro do mesmo município. Em razão desse problema climático, no final de março apenas 66% do milho segunda safra foi classificada com boas condições, 22% mediana e 12% ruim.
FEIJÃO 2ª SAFRA: Até o final de março, 100% da área destinada ao feijão 2ª safra já havia sido semeada e também se iniciou a colheita. O clima quente e seco inibiu o desenvolvimento ideal das plantas, que apresentaram porte abaixo do esperado. A cultura deve apresentar redução de produtividade, embora ainda não seja possível quantificar a perda. A maioria das lavouras (81%) foi classificada como boa, 17% apresentou desenvolvimento médio e 2% ruim.
CAFÉ: O café avançou no crescimento dos frutos, com algumas áreas pontuais já em início de maturação. Estima-se que possa haver um adiantamento do ciclo devido às altas temperaturas registradas nos últimos meses. O calor intenso e pouca precipitação podem gerar possíveis queda na produtividade.
OLERICULTURA: A batata 2ª safra teve 92% da área plantada e 20% colhida, sendo que 96% das lavouras apresentaram boas condições de desenvolvimento e 4% desenvolvimento mediano.
FRUTICULTURA: Em março diversas frutas estiveram em fase de colheita na região Noroeste, como: abacate, banana, goiaba e maracujá. A colheita da uva foi quase finalizada e, para alguns poucos produtores, iniciou-se a colheita da uva safrinha.
CANA-DE-AÇÚCAR: No final de março a cultura da cana-de-açúcar encontrava-se em sua maior parte na fase de final de ciclo e em breve deve iniciar a colheita. As condições climáticas foram favoráveis, indicando um cenário promissor para a cultura.
MANDIOCA: Prosseguiu-se a colheita da mandioca, apresentando boa produtividade.
CEREAIS DE INVERNO: Já iniciou a semeadura de culturas de coberturas de inverno, como a aveia.
PASTAGENS: As pastagens registraram aumento na produção de massa verde, garantindo boas condições para o pastoreio.
MANANCIAIS HIDRICOS: Os níveis dos rios, riachos e lagos estão dentro da normalidade.
Elaborado pela Agrometeorologia do IDR-Paraná1 e técnicos da SEAB/DERAL2:
Heverly Morais1
Carlos Hugo Winckler Godinho (Organizador) 2
Pablo Ricardo Nitsche1
Angela Beatriz Ferreira da Costa1
Clauceneia Ludwig1
APOIO: SIMEPAR