Boletim agrometeorológico de janeiro aponta que chuvas retornam ao Paraná após início de ano seco 07/02/2025 - 12:01
O ano de 2025 iniciou com seca em todo o Paraná. No entanto, na segunda quinzena de janeiro as chuvas se normalizaram na maioria das regiões, mas ainda houve locais com pouca precipitação como parte do Noroeste e Oeste do Estado (Figura 1). Por outro lado, o Litoral, Região Metropolitana de Curitiba e região Central registraram os maiores acumulados. Com base nas estações meteorológicas do Simepar, o município com maior índice pluviométrico em janeiro foi Guaratuba, com registro de 338,8 mm, seguido de Guaraqueçaba com 316,4 mm, ambos localizados no Litoral paranaense. O menor índice registrado em janeiro foi em Altônia, no Oeste do Estado, com apenas 25,2 mm.
Figura 1. Precipitação registrada em janeiro de 2025 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
De maneira geral, as anomalias de precipitação ficaram próximas da média histórica ou abaixo dela em todas as regiões do Paraná (Figuras 2). A exceção foi Curitiba, onde a chuva superou significativamente a média, registrando uma anomalia de +121,6 mm (Figura 3). O Litoral foi a região com o maior déficit de precipitação, com uma diferença de -105,1 mm em relação à média histórica, seguido pelo Oeste, que registrou -78,1 mm abaixo da normal climatológica. A média estadual de precipitação foi de 169 mm, ficando 42 mm abaixo da média histórica de 211 mm.
Figura 2. Precipitação média (mm) registrada em janeiro de 2025 e histórica (1976-2024) nas regiões do Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.*RMC - Região Metropolitana de Curitiba.
Figura 3. Anomalia de precipitações (mm) registradas em janeiro de 2025 em relação à média histórica no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
Em relação às temperaturas máximas, o calor foi intenso, com a maioria dos municípios registrando valores médios mensais acima de 30°C (Figura 4). A maior temperatura máxima média foi observada em Capanema, no Sudoeste, com 35,5°C, enquanto a menor foi em Palmas/Horizonte, no Sul, com 24,1°C (Figura 4). A maior parte do Estado apresentou temperaturas superiores à média histórica, com desvios de até 3,2°C, como ocorreu em Cascavel, no Oeste (Figura 5). Em média, a temperatura máxima de janeiro no Paraná foi de 29,6°C, 1,1°C acima da média climatológica, que é de 28,5°C.
Figura 4. Anomalia das temperaturas máximas do ar de janeiro de 2025 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
Figura 5. Temperaturas máximas do ar (média) de janeiro de 2025 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
AGRICULTURA
O texto a seguir é uma análise da influência das condições climáticas de janeiro sobre as principais culturas agrícolas do Estado, com base nos boletins semanais e diários elaborados pelos técnicos do Departamento de Economia Rural do Paraná – DERAL.
Em janeiro, o desenvolvimento das culturas agrícolas no Paraná foi de modo geral satisfatório favorecido pelas chuvas ocorridas na segunda quinzena.
MILHO 1ª SAFRA: As condições climáticas contribuíram para o bom desenvolvimento da cultura do milho durante o mês de janeiro. A grande maioria das lavouras foi classificada como boa (93%), com o restante apresentando desenvolvimento médio. Iniciou-se a colheita em janeiro e no final do mês já havia colhido 11% da safra, 60% encontravam-se na fase de maturação, 39% estavam na fase de enchimento dos grãos e 1% na fase de floração. Já a colheita de milho para silagem está bem avançada, com produtividade e qualidade superior a safra anterior.
MILHO 2ª SAFRA: Em janeiro iniciou a semeadura do milho 2ª safra e até o final do mês 28% tinha sido semeado. A grande maioria das lavouras foi classificada como boa (99%).
FEIJÃO 1ª SAFRA: Até o final de janeiro, 97% do feijão primeira safra já tinham sido colhidos. As produtividades foram altas na região Sul, onde se concentra 74% da safra. O destaque foi a região dos Campos Gerais com produtividade de 2.378 kg/ha, valor atingido devido ao investimento em tecnologia aliado à condição climática favorável. Atualmente, a produtividade média paranaense é de 2.020 kg/ha, a segunda melhor já verificada, atrás dos 2.075 kg/ha produzidos na safra 2019/2020.
FEIJÃO 2ª SAFRA: Até o final de janeiro, 38% do feijão segunda safra já tinham sido semeado. A grande maioria das lavouras foi classificada como boa (95%), com o restante apresentando desenvolvimento médio.
SOJA: Em janeiro iniciou a colheita da soja e 23% foi colhida até o final do mês, com produtividade abaixo do esperado. A seca e as altas temperaturas ocorridas na primeira quinzena de janeiro, que gerou alta evapotranspiração e aumento do déficit hídrico, prejudicaram muito as lavouras, especialmente as que estavam na fase final de frutificação. As regiões mais afetadas foram a Oeste, Noroeste e Centro-Oeste. Outro problema foi o excesso de chuvas na segunda quinzena, que dificultou a aplicação de defensivos contra pragas e doenças, bem como dificultou a colheita. Assim, somente 76% das lavouras no campo estavam em boas condições de desenvolvimento, 20% medias e 4% ruins.
CANA-DE-AÇÚCAR: No final de janeiro a cana-de-açúcar estava em sua maior parte na fase de desenvolvimento vegetativo e as condições climáticas favoreceram seu crescimento.
MANDIOCA: A colheita de mandioca foi iniciada paulatinamente, com produtividade dentro do esperado.
CAFÉ: Em janeiro os cafezais apresentaram um bom enchimento dos grãos e sanidade, devido às condições climáticas favoráveis.
OLERICULTURA: A colheita da olericultura em geral foi encerrada em janeiro, confirmando ótimas produtividades. Foram colhidos 83% e 64% da batata e tomate 1ª safra, respectivamente, também apresentando boas produtividades.
FRUTICULTURA: Em janeiro, continuaram as colheitas de uva de mesa e para suco, além da maçã, que também apresentou boa produtividade. Também prosseguiu a colheita de laranja, pera, manga e goiaba. As condições climáticas foram favoráveis, o que contribuiu para uma boa produtividade e uma oferta abundante de frutos.
PASTAGENS: As pastagens apresentaram aumento na produção de massa verde, o que proporcionou boas condições para o pastoreio.
MANANCIAIS HIDRICOS: Os níveis dos rios, riachos e lagos estão dentro da normalidade.
Elaborado pela Agrometeorologia do IDR-Paraná1 e técnicos da SEAB/DERAL2:
Heverly Morais1
Carlos Hugo Winckler Godinho (Organizador) 2
Pablo Ricardo Nitsche1
Angela Beatriz Ferreira da Costa1
Clauceneia Ludwig1
APOIO: SIMEPAR