Boletim agrometeorológico do IDR-Paraná de setembro mostra clima mais seco e quente na maior parte do Estado 05/10/2021 - 11:19
As condições meteorológicas no Paraná em setembro de 2021 foram muito similares ao mês que antecedeu, com predomínio de um clima mais seco e quente na maior parte do Estado. A maioria das regiões paranaenses registraram precipitações muito abaixo da média histórica (Figura 1).
Figura 1. Desvios de precipitações registradas em setembro de 2021 em relação à média histórica, em alguns municípios do Paraná. Fonte dos dados: Simepa
Além da pouca precipitação, ocorreu nesse mês um período de estiagem prolongada, atingindo grande parte do Estado. A região Noroeste foi a mais afetada, a exemplo de Umuarama e Campo Mourão, onde não houve registro de chuvas significativas durante todo o mês de setembro. Em Londrina e Cambará, região Norte do Estado, ocorreu uma estiagem moderada, permanecendo 16 dias sem chuva (Figura 2).
Figura 2. Número de dias sem chuva. Paraná, 30 de setembro de 2021. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.
As chuvas registradas em setembro não foram suficientes para repor a água no solo em grande parte do Estado (Figura 3). O déficit hídrico registrado atingiu -70 mm no final do mês. Somente o litoral e o extremo sul do Estado encerraram setembro com leve disponibilidade hídrica no solo.
Figura 3. Déficit/excesso hídrico do solo em 30/09/2021 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar
Períodos secos prolongados têm impacto direto na temperatura do ar, visto que a chuva, a nebulosidade e a umidade do ar são agentes que amenizam as temperaturas. Assim setembro, além de seco, foi um mês extremamente quente, com temperaturas muito acima das médias históricas em todo o Estado, exceto no litoral. A Figura 4 apresenta a média das temperaturas máximas registradas no período de 20 a 26 de setembro, que atingiu 37 ºC no Noroeste do Paraná. As regiões Oeste, Noroeste e Norte foram as que enfrentaram o calor mais intenso, registrando temperaturas máximas diárias acima de 30 ºC em grande parte do mês.
Figura 4. Média das temperaturas máximas do ar registradas no período de 20 a 26 de setembro de 2021. Fonte: IDR-Paraná e Simepar
Quanto aos efeitos do clima na agricultura, grande parte das culturas sofreu o impacto da estiagem deste mês.
Soja – A partir de setembro, conforme indicação do zoneamento de riscos climáticos, a semeadura da soja no Paraná teve início. No entanto, em decorrência da pouca chuva, foi semeada apenas 7% da área total estimada no Estado, de acordo com a SEAB/DERAL.
Milho Primeira Safra – Em setembro foi semeada aproximadamente 62% da área total prevista do milho, segundo a SEAB/DERAL. O atraso ocorreu devido ao déficit hídrico no solo.
Feijão – A área semeada de feijão no mês de setembro foi de 37% em relação à área total estimada, segundo a SEAB/DERAL. Também houve atraso por causa da estiagem.
Arroz – Os produtores de arroz iniciaram a semeadura da nova safra.
Trigo, Aveia e Cevada – O clima seco de setembro propiciou o avanço na colheita do trigo, aveia e cevada. O mês de setembro finalizou com cerca de 60% de trigo colhido no Estado. A produtividade e a qualidade foram melhores nas áreas menos atingidas pela estiagem e geadas.
Mandioca – A estiagem afetou a colheita e plantio da nova safra de mandioca. Houve redução na oferta para as indústrias e aumento dos preços pagos aos produtores.
Hortaliças - A prolongada estiagem provocou uma redução considerável no volume das águas dos lagos, rios e riachos, utilizadas para a irrigação das hortaliças, com isso houve racionalização no consumo de água.
Milho Segunda Safra – Praticamente foi encerrada a colheita do milho segunda safra. Estima-se uma redução de aproximadamente 62% na produtividade, devido à estiagem e geadas.
Café e Cana de Açucar – O longo período sem chuva favoreceu a colheita do café e da cana-de-açúcar.
Pastagens – A grande maioria das pastagens permaneceu com pouca massa verde no mês de setembro devido à falta de umidade do solo, dificultando a alimentação do gado de corte e leite e demais rebanhos.
Mananciais Hídricos – Devido à chuva abaixo da média histórica desde 2019, os rios, lagos, riachos, nascentes e aquíferos permaneceram com seus níveis abaixo do normal, prejudicando a irrigação na agricultura e abastecimento das cidades.
Incêndios – Devido à estiagem prolongada houve vários focos de incêndios em matas, plantações e pastagens no Paraná.
Dados: Setor de Agrometeorologia do IDR-Paraná