Uma verdadeira multidão aceitou o convite para conhecer paisagens e propriedades rurais do estado no ano passado. Ao todo 63.316 caminhantes percorreram os 97 circuitos das Caminhadas na Natureza, promovidas pelo IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater). Além de valorizar a cultura local, o turismo rural se solidifica como mais uma fonte de renda para as famílias envolvidas na atividade. O gasto dos caminhantes injetou R$ 1,6 milhão nas comunidades rurais, beneficiando inúmeras famílias que vivem da agropecuária. Nesta semana os organizadores das caminhadas participam de um encontro, em Maringá, para discutir a melhoria dos serviços oferecidos aos caminhantes.

De acordo com Terezinha Buzanello Freire, coordenadora estadual do programa de Turismo Rural do IDR-Paraná, durante o encontro os gestores municipais, agricultores e profissionais do Instituto vão discutir o novo regulamento que vai nortear a metodologia das Caminhadas da Natureza “O objetivo das Caminhadas é atender a agricultura familiar, fazer com que o caminhante passe por propriedades rurais e consuma produtos da agricultura local. É uma metodologia que reúne várias questões relacionadas à natureza ou ao turismo na natureza. Então, estamos discutindo esse regulamento para que, na eventual troca dos gestores municipais, os novos integrantes conheçam como é o processo e executem um circuito dentro da proposta metodológica que é apresentada”, explicou Terezinha.

Renda - Essa discussão é necessária para que as Caminhadas da Natureza não sejam descaracterizadas ao longo do tempo, correndo o risco de desvirtuar o seu objetivo, que é o de dinamizar a economia nas comunidades rurais. Atualmente 1.289 famílias estão envolvidas nas atividades apresentadas nas caminhadas. Mas este número tende a aumentar, na medida em que novos circuitos são implantados. No ano passado, o projeto estava presente em 68 municípios do estado. A região de Curitiba é a que tem o maior número de caminhadas, 29. Em seguida vêm Campo Mourão, com onze circuitos, e Ponta Grossa, com dez.

A partir dos dados levantados pelos organizadores das caminhadas, é possível perceber a importância econômica da atividade. Em média, cada caminhante gasta R$ 25,58 com a compra de produtos ou serviços. Mas essa despesa varia de acordo com a região. Em União da Vitória, os gastos chegam a R$ 63,55. Em Laranjeiras do Sul, R$55,31 e Cascavel, R$53,92 por caminhante. Quando se analisa a renda média gerada por família, a região de Ivaiporã está à frente, com um valor de R$ 2.160,01. Cascavel e Curitiba vêm a seguir com R$ 1.793,46 e R$ 1.640,72, respectivamente.

O encontro em Maringá também conta com participantes da Secretaria Estadual de Turismo que discutem como os organizadores podem melhorar as Caminhadas para que elas sejam, verdadeiramente, um produto turístico. Na opinião de Terezinha Buzanello o esforço é transformar o trabalho das famílias rurais em mais ganho em termos de turismo. Ela informou que os dados mostram que em torno de 95% dos caminhantes do ano passado são do Paraná e a intenção é ampliar esse público. “Queremos atrair turistas de outros estados, Santa Catarina e São Paulo principalmente. Fazer com que eles comecem a frequentar o Paraná em função dos circuitos das Caminhadas da Natureza”, ressalta.

Política Pública - As Caminhadas existem desde 2007 como uma política pública da Seab (Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento) e são coordenadas pelo IDR-Paraná. “O Instituto tem entendido a importância dessa ferramenta para o desenvolvimento da agricultura familiar e do turismo rural nas propriedades assistidas. Como política pública as caminhadas têm recebido incentivos, continuamente, tanto da parte da assistência técnica do IDR-Paraná, como das prefeituras”, afirma Terezinha. Ela ainda lembra que as caminhadas atingem diferentes segmentos locais como as agroindústrias que buscam a regularização para serem incluídas nos circuitos.

As chuvas ocorridas no último trimestre do ano passado atrapalharam a realização de caminhadas em muitas regiões. Apesar disso, o saldo foi positivo. “Mesmo com todas essas dificuldades de clima, tivemos um número expressivo de caminhadas acontecendo e um valor expressivo de renda gerada para as famílias de agricultores. A média de renda, por família, chegou a R$ 1500. Para um evento de um dia é um dado extremamente significativo. Atingimos os objetivos que nós buscávamos”, destaca Terezinha. Ela acrescentou que a intenção é levar a ferramenta das Caminhadas da Natureza para as regiões que ainda não executam os circuitos. “As caminhadas são uma ferramenta dentro do programa de turismo rural do IDR-Paraná que tem o objetivo de fazer com que as pessoas retornem aos atrativos turísticos depois da caminhada. Esse trabalho vem evoluindo. Há três anos nós tínhamos em torno de 12 das 23 regionais do IDR-Paraná com trabalhos de turismo rural. Hoje estamos com 18, quase 100% das regiões”, informa Terezinha. Ela destaca que as caminhadas não acontecem isoladamente, elas vêm com o programa de turismo rural que busca o desenvolvimento deste segmento econômico. O turismo rural tem se destacado pela geração de renda e também como instrumento de inclusão social nas comunidades rurais.