Caminhadas na natureza injetaram mais de R$ 1 milhão nas economias locais em 2023 25/10/2023 - 10:07

A menos de três meses para acabar o ano, o projeto Caminhadas na Natureza Paraná, coordenado pelo IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) e executado em parceria com as prefeituras municipais, comemora 81 caminhadas que já reuniram 56.024 caminhantes. Outros 59 circuitos estão previstos para serem realizados até dezembro. Além de valorizar as comunidades rurais, o projeto injetou, de janeiro a outubro de 2023, R$ 1.217.727,08 na economia dos municípios. Assim, as caminhadas cumprem seu objetivo de fomentar a geração de renda para a agricultura familiar e desenvolver o turismo rural nos municípios paranaenses.

Para a coordenadora estadual do Programa de Turismo Rural do IDR-Paraná, Terezinha Busanello Freire, o projeto Caminhadas na Natureza Paraná é uma política pública voltada à agricultura familiar com o objetivo de gerar emprego e renda no campo, além de  valorizar as comunidades anfitriãs. Atualmente, várias ações estão em andamento para garantir a aplicação da metodologia, que enfatiza a agricultura familiar e o turismo rural. “Além das trilhas, estamos dando mais atenção para a comercialização dos produtos e serviços oferecidos pelas comunidades rurais aos caminhantes”, observou a extensionista. De acordo com Terezinha, o IDR-Paraná tem o compromisso institucional de valorizar a produção local e regional. Para tanto, o grupo gestor - composto por técnicos do IDR-Paraná, Setu (Secretaria de Turismo do Paraná) e gestores municipais de turismo e agricultura - elaborou um regulamento com a metodologia que deve ser aplicada por todos os circuitos cadastrados. Esse documento será aprovado em âmbito estadual no 5° Encontro de Organizadores de Caminhadas na Natureza do Paraná que acontece em março de 2024, em Maringá, e ficará disponível a todos os gestores municipais e instituições com interesse em realizar circuitos denominados “Caminhadas na Natureza Paraná”. Segundo Terezinha, isso dará maior agilidade e dinamismo à execução do projeto, além de garantir o envolvimento das famílias de agricultores e a aplicação da política pública estadual por meio da assistência técnica.  

Aprimoramento

As instituições que organizam as caminhadas estão aprimorando a realização dos eventos no estado. Para isso, estão aplicando uma pesquisa de satisfação junto aos caminhantes e ciclistas que participam dos circuitos cadastrados. A pesquisa busca identificar a percepção dos visitantes com relação aos produtos e serviços ofertados durante as caminhadas e cicloturismo. Outro aspecto avaliado é se a agricultura familiar é percebida durante a prática nos circuitos existentes. Além disso, a pesquisa busca ouvir os caminhantes para implementar melhorias constantes no atendimento.

“Da mesma forma, queremos conscientizar o caminhante a respeito da importância dele adquirir produtos locais, assim como os serviços ofertados, o café e almoço rural, a feira de produtos da agroindústria familiar e de artesanato”, explicou Terezinha. A coordenadora lembra ainda que as Caminhadas na Natureza não têm custo de inscrição, portanto, a renda para os agricultores envolvidos depende exclusivamente da venda de produtos e serviços.

Terezinha acrescentou que os esforços também são dirigidos ao aumento do gasto médio dos caminhantes durante os eventos. “A pesquisa em andamento já nos mostrou que aproximadamente 65% dos caminhantes consomem algum produto durante a caminhada, mas o gasto médio, por pessoa, é de R$ 21,70. Esse valor tem potencial para aumentar e estamos discutindo estratégias para ampliar as formas de consumo”, disse Terezinha.

Os organizadores das caminhadas estão fazendo reuniões regionais para analisar a importância de cardápios mais atraentes para o público, com receitas que valorizem a cultura local, resgatando a memória afetiva, encantando os caminhantes. “Além de buffets com almoço ou café, estamos pensando em ofertar pratos diferenciados, porções de alguns alimentos característicos, buscando sempre melhorar a qualidade desses produtos”, ressaltou a coordenadora.

Impacto

Em alguns locais os próprios agricultores estão criando atrativos para os caminhantes. Terezinha lembra que em uma propriedade de Rondon, ligada à produção de cachaça, a aguardente foi apresentada aos visitantes de uma forma peculiar, “cachaça na pedra” numa fonte incrustada na rocha. Além disso, há outros atrativos em fase de elaboração e que devem ser implementados em 2024. É o caso do “Plantando o Caminho”, uma ação demandada pelo Secretário Estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, para que os caminhantes plantem mudas nativas nas propriedades dos agricultores, com o objetivo de recompor a cobertura florestal do estado. Com isso, as áreas de conservação permanente serão ampliadas, o solo ficará protegido e, haverá uma melhoria da qualidade do ar nessas áreas. O plantio de espécies nativas também vai proteger a biodiversidade local, contribuindo para a criação de corredores ecológicos e incrementando a beleza cênica das propriedades rurais familiares.  “A intenção é também ‘fidelizar’ a visita dos caminhantes com o plantio de árvores nativas. Assim, o caminhante planta uma árvore que será identificada com o seu nome e poderá acompanhar seu crescimento, voltando ao circuito nos anos seguintes ou em outros momentos diversos, criando o sentimento de pertencimento”, explicou Terezinha. Segundo a extensionista, essa ação tem o objetivo de dar um viés ambiental às caminhadas, discutindo com os produtores e participantes conceitos de ecologia, sócio-biodiversidade, conservação ambiental e sustentabilidade.

“Mesmo após sua realização, as caminhadas têm um grande impacto nas comunidades. Muitos turistas voltam às localidades num momento diferente. Temos o exemplo de Mandirituba que, segundo o diretor de turismo Irivan de Jesus Ferreira, incrementou o turismo rural a partir da realização das caminhadas. Houve investimentos em pousadas e nas propriedades rurais para receber os turistas”, contou Terezinha. Ela acrescentou também que estão sendo discutidas duas outras opções de circuitos. Uma é a conectar o traçado de caminhadas de diferentes municípios, criando circuitos permanentes e de longo curso. Outra alternativa é definir um circuito específico dentro de uma propriedade rural para mostrar as cadeias produtivas implantadas e a biodiversidade.

Os organizadores estão de olho no perfil dos caminhantes. Dados do Ecobooking Sistema de Gestão do Turismo, onde está acoplado o calendário das caminhadas na natureza do Paraná e por onde o caminhante faz sua inscrição online, revelam que neste ano, 63,1% dos participantes das caminhadas são mulheres, contra 36,9% de homens. Em termos de escolaridade, a maioria (34,1%) tem nível de ensino superior. Em seguida vêm, principalmente, os participantes com ensino médio (33%), com especialização (18,6%) e ensino fundamental (9,3%). A maior parte (24,8%) concentra-se na faixa etária de 41 a 50 anos, superando os participantes com idade entre 31 e 40 anos (20,6%), de 51 a 60 anos (19,8%), de 21 a 30 anos (15,4%) e de 11 a 20 anos (9,2%). Os idosos, de 61 a 70 anos, ainda são minoria (7,6%) e somente 1,2% dos participantes têm mais de 70 anos. Crianças até dez anos representam 1,5% do público desses eventos. Esses indicadores não devem sair da mira das instituições que participam da organização das Caminhadas na Natureza e podem dar pistas do rumo que elas tomarão nos próximos anos.

O projeto das Caminhadas na Natureza ganhou uma nova logomarca que inclui elementos de inclusão, acessibilidade, agricultura, gastronomia, mulheres, jovens, natureza, paisagens, entre outros. Segundo Terezinha, a atualização da logomarca teve como objetivo, além da inclusão de novos elementos importantes na realidade atual, trazer mais leveza nas cores e um aspecto contemporâneo. A atualização foi feita pela Setu.

Próximo ano – O calendário das caminhadas para 2024 já está sendo preparado pela coordenação de Turismo Rural do IDR-Paraná e entidades parceiras. E, para atender melhor os participantes, foi lançada uma pesquisa com os turistas. A ideia é melhorar os produtos e serviços entregues durante o circuito. Para ter acesso ao formulário e dar sua contribuição CLIQUE AQUI.