Mais do que uma ciência, a agroecologia é um conjunto de saberes, práticas e uma filosofia que busca respostas para os desafios da agricultura contemporânea. Seus pilares incluem a qualidade de vida dos agricultores, a preservação dos ecossistemas, a viabilidade econômica e a justiça social.

Em 2024, mais de 3.500 pessoas tiveram contato com essas práticas por meio do Projeto Casa da Agroecologia, sediado na Estação de Pesquisa em Agroecologia do IDR-Paraná, em Pinhais.

A iniciativa recebe grupos variados, com destaque para os agricultores, que representaram a maioria dos visitantes da Estação. Entre eles, Luciano Aparecido, de Rio Branco do Sul, participou do 1º Encontro de Agricultores do Paraná Mais Orgânico em dezembro de 2024 e aproveitou a oportunidade para conhecer a Estação de Pesquisa. “Escolhemos este dia para agregar bastante conhecimento à nossa área de trabalho, e foi muito produtivo. Pudemos levar muitas informações e, é claro, vamos colocá-las em prática”, comentou o agricultor que ficou entusiasmado com a vitrine de frutas vermelhas.

A crescente busca por alternativas agroecológicas tem impulsionado esse aumento no número de visitas. “Em 2024, focamos esforços para atender mais agricultores familiares e conseguimos ampliar esse atendimento em 123%. Existe um interesse crescente pela transição agroecológica, especialmente porque o Paraná tem metas para ampliar a alimentação orgânica nas escolas, e o mercado institucional representa uma excelente oportunidade”, destacou o gerente do projeto, Moacir Roberto Darolt.

A Estação de Pesquisa, que ocupa uma área de 147 hectares, desempenha um papel essencial na difusão de tecnologias e inovações para a produção orgânica e agroecologia. “Precisamos de mais pesquisadores e extensionistas para atender essa demanda crescente. Só em 2024, mais de 2 mil pessoas estiveram na Estação e participaram de mais de 100 eventos”, complementou Darolt.

A Casa da Agroecologia também recebeu técnicos, estudantes e consumidores urbanos interessados na agroecologia, conforme mostra a Figura 1.

Além da fruticultura, os visitantes acompanharam o manejo agroecológico de bovinos leiteiros, olericultura orgânica, bioinsumos, plantas medicinais, meliponicultura, minhocultura e bambu em bioconstruções, além de serviços de certificação orgânica e estudos sobre comercialização de alimentos orgânicos.

Eventos e aprendizado na prática

Em 2024, foram realizados 102 eventos, sendo 83 internos e 19 externos. As visitas técnicas lideraram a programação, seguidas por cursos, oficinas e visitas escolares. Eventos de maior porte, como o II Encontro Mesorregional de Agroecologia e o Dia de Campo de Agroecologia, também se destacaram. As atividades contaram com a participação de extensionistas e pesquisadores do IDR-Paraná, além de professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e da Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia (AOPA) conforme demostra a figura 2.
 

“A Estação de Pesquisa permite a experimentação de tecnologias sustentáveis, baseadas nas observações e experiências de técnicos e agricultores. Já a Casa da Agroecologia une pesquisa e extensão, promovendo capacitações e facilitando a troca de conhecimentos entre agricultores, extensionistas e pesquisadores”, explicou a engenheira agrônoma Karla Piekarski. “Essas iniciativas são essenciais para fortalecer a relação entre profissionais e comunidades rurais, contribuindo para a difusão de práticas agroecológicas e para o desenvolvimento sustentável”.

Agroecologia para o campo e a cidade

Além das atividades na Estação de Pesquisa, a Casa da Agroecologia esteve presente em diversos eventos externos, levando conhecimento sobre agroecologia, comercialização em circuitos curtos, sementes crioulas e certificação. Um dos eventos foi o Encontro de Consumidores Cestas Solidárias, que incentiva a comercialização de alimentos diretamente com o agricultor.

A nutricionista Claudia Cassola conheceu o Cestas Solidárias durante a Jornada de Agroecologia e ajudou a formar um grupo no município de Araucária. “Para mim, a alimentação orgânica é crucial e, se pudesse, teria 100% da minha alimentação oriunda do sistema agroecológico/agroflorestal. Além de conversar no grupo online, podemos vir ao campo e ver na prática como funciona e como o agricultor trabalha”, destacou.

A equipe da Casa da Agroecologia também atuou em palestras, cursos e estandes em eventos como as Festas da Semente e Agrobiodiversidade e o Congresso Latino-americano de Agroecologia. No total, essas ações externas atingiram mais de 1.044 pessoas, entre agricultores, técnicos e público urbano.

Somando todas as atividades internas e externas, a Casa da Agroecologia impactou diretamente 3.530 pessoas em 2024, reforçando seu papel essencial na construção de um modelo agrícola mais sustentável e socialmente justo.