Connect Week discute uso da inovação para uma agricultura mais sustentável, produtiva e competitiva 21/06/2024 - 16:02

 

Debate reuniu especialistas que falaram sobre o uso de tecnologias na produção agropecuária e na comprovação das práticas de sustentabilidade para que os produtos agreguem mais valor

A transformação vivenciada no setor agrícola com a revolução tecnológica, que tem automação, inteligência artificial, big data, rastreabilidade e bioinsumos, entre outras inovações, como protagonistas do processo de melhoria da sustentabilidade, produtividade e competitividade foi discutida nesta quinta-feira (20) durante a Connect Week 2024. O evento é um dos maiores do País voltado à tecnologia e tem o apoio do Governo do Estado.

O assunto foi aprofundado na plenária “Inovações Tecnológicas e Sustentabilidade no Agronegócio Brasileiro”, que teve como mediador Benno Henrique Doetzer, diretor técnico da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Ele reafirmou o compromisso do Sistema Estadual de Agricultura (Seagri) com a promoção de práticas agrícolas avançadas e sustentáveis, posicionando o agronegócio brasileiro na vanguarda das inovações tecnológicas globais.

O gerente de Inovação do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná), Sérgio José Alves, destacou que as tecnologias emergentes precisam estar à disposição das novas gerações, pois é a partir da adoção do moderno pelo meio rural que os jovens lá permanecerão. Do contrário, a tendência é um esvaziamento do campo.

Segundo Alves, essas tecnologias não apenas aumentam a eficiência, mas promovem uma agricultura mais sustentável e responsável, essencial para atender às demandas de uma população mundial crescente. Ele citou o uso de aplicativos desenvolvidos pelo próprio instituto, que visam ao controle de doenças e pragas e resultam em maior produtividade, renda e sustentabilidade.

Entre as várias ferramentas digitais desenvolvidas pelo IDR-Paraná está, por exemplo, o GID Pragas da Soja, que fornece breve descrição diagnóstica e imagens para o reconhecimento de insetos e pragas que ocorrem na cultura da soja, uma das principais desenvolvidas no Paraná. Também faz parte da listagem o GID Inimigos Naturais, que facilita o reconhecimento de insetos predadores e parasitoides de pragas agrícolas. Confira aqui a lista dos aplicativos.

“Precisa fazer pesquisa, precisa alinhar com startups para que o agricultor familiar tenha acesso à informação e à tecnologia, pois dessa forma cria qualidade de vida e maior valor agregado” afirmou o gerente de Inovação do IDR-Paraná.

A pesquisadora em fitopatologia do mesmo Instituto, Sandra Cristina Vigo, destacou o crescente uso de bioinsumos tanto por agricultores quanto por empresas. Ela explicou que, apesar da ausência de regulamentação específica para a produção on farm, método em que a produção de microorganismos é feita diretamente na propriedade, os agricultores estão cada vez mais capacitados para garantir a biossegurança dessa prática.

A pesquisadora salientou a importância dos bioinsumos para uma proteção mais sustentável das lavouras contra pragas e doenças, promovendo uma agricultura mais ecológica e eficiente. “Os bioinsumos interferem positivamente no crescimento, no desenvolvimento, no mecanismo de resposta de plantas e são ótimos defensores contra pragas” afirmou Sandra.

Advogado e doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rafael Ferreira Filippin falou sobre o uso da inovação na comprovação da rastreabilidade dos produtos agrícolas brasileiros livres de desmatamento. Ele reforçou a importância da tecnologia aliada à criatividade humana para garantir a transparência e a conformidade dos produtos agrícolas com as exigências ambientais internacionais.

Mas, para Filippin, apenas as tecnologias não bastam. Segundo ele, as plataformas tecnológicas não conseguirão demonstrar aos mercados europeus que os produtos brasileiros estão livres de desmatamento se não existirem profissionais capacitados.