Cooperativas familiares movimentam R$3 milhões em um ano de atividade na Ceasa de Curitiba 14/06/2021 - 12:40

Até algum tempo atrás agricultores familiares enfrentavam dificuldades para vender seus produtos na unidade da Ceasa (Central de Abastecimento do Paraná S.A.) de Curitiba. No ano passado uma parceria firmada entre a Central e o IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater) iniciou a articulação das cooperativas da agricultura familiar para que elas pudessem atuar no espaço “Mercado do Produtor”, ponto de comercialização para quem não tem um espaço fixo na Central. A iniciativa ganhou força e o número de cooperativas que participam do trabalho vem aumentando. Em um ano de atividade, as organizações da agricultura familiar já comercializaram cerca de R$3 milhões na Ceasa, com uma média de 1.800 caixas de frutas e hortaliças por semana.

A mobilização das cooperativas surgiu da constatação de várias dificuldades que os produtores familiares enfrentam quando tentam comercializar seus produtos. Segundo o extensionista Dalvan Mallmann, do IDR-Paraná, um dos desafios dos produtores é justamente consolidar canais de comercialização. "No Paraná muitas cooperativas participam de programas institucionais como o programa da merenda escolar. Mas o valor é limitado por unidade familiar, pelo calendário escolar ou não contemplam o que o agricultor está produzindo em determinado momento", explicou. Foi a partir deste cenário que o Mercado do Produtor, na Ceasa, foi visto como um espaço estratégico de comercialização de frutas, verduras e legumes. Mallmann lembra que o raio de ação da Ceasa ultrapassa os limites locais, promovendo uma grande circulação de mercadorias.

A possibilidade de expandir o horizonte de comercialização é a maior vantagem da atuação no espaço da Ceasa segundo alguns produtores. Sérgio de Oliveira Brito, presidente da Coopertijucas (Cooperativa de Produtores de Cogumelos de Tijucas do Sul) disse que desde a sua criação, em 2013, a cooperativa tinha sua clientela concentrada em Curitiba. Há um ano e meio, quando passou a vender na Ceasa, a Coopertijucas viu suas vendas aumentarem. Brito ressalta que foi uma grande oportunidade para que a produção dos cooperados fosse para outras regiões, sem o aumento de custos. "Para as cooperativas de pequeno e médio porte como a nossa, a logística para levar os produtos para outras regiões é inviável. Com as vendas na Ceasa nossos custos continuam os mesmos e atendemos comerciantes de outras regiões. O trabalho que a gente teria que fazer para diminuir os custos de frete, a Ceasa está fazendo para nós", afirmou Brito. Segundo ele, atualmente a entrega da produção em Curitiba ou para um comerciante que atua a 200 km da capital tem o mesmo custo com o espaço na Ceasa. 

Expansão
Atualmente 1.200 produtores vendem na Ceasa. Os servidores do IDR-Paraná fazem reuniões técnicas nas cooperativas e visitas para avaliar as condições necessárias para atender as demandas do mercado. O trabalho também envolve as prefeituras que participam da implementação do Prodam (Programa de Desenvolvimento Agroalimentar da Região Metropolitana de Curitiba).

Inicialmente apenas três cooperativas aceitaram o desafio de vender na Ceasa, de uma a duas vezes por semana. Aos poucos, mais organizações apostaram na ideia e a ocupação do espaço do Mercado do Produtor, durante toda a semana, ficou mais regular.  Apesar do agravamento da pandemia, o mercado de alimentos se manteve estável e os produtores continuam a vender sua produção. 

Atualmente onze cooperativas participam desse trabalho. "Mais importante que aumentar o número de cooperativas nessa parceria com a Ceasa, é manter as organizações atuantes no mercado, gerando resultados para os cooperados", destacou Mallmann. Ele acrescenta que a intenção é atrair outras cooperativas da Região Metropolitana de Curitiba e avançar para organizações de outros municípios.   


Reportagem: Roberto Monteiro