Diretor-presidente do IDR-Paraná lembra aniversário da pesquisa 29/06/2021 - 15:53
O diretor-presidente do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater), Natalino Avance de Souza, destacou nesta terça-feira as ações protagonizadas pela área de pesquisa da instituição. Nesta data, em 1972, era criado o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), centro de pesquisa que agora integra o IDR-Paraná.
“A pesquisa tem grande contribuição para esta que é hoje a melhor agricultura do país. Nessa data, rendemos homenagens aos pesquisadores, aos servidores que fizeram da pesquisa do Estado um ícone da agricultura paranaense. Que representam a modernização da nossa agricultura”, disse Souza.
História
O Iapar surgiu no bojo de uma reforma administrativa no âmbito da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), que reuniu diversas ações de pesquisa então realizadas de forma dispersa por vários departamentos.
A mudança também respondia à mobilização e esforço de produtores, técnicos e lideranças políticas e empresariais, como Sociedade Rural do Paraná, Folha de Londrina, Associação dos Engenheiros-Agrônomos, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR), Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Além do tesouro estadual, a instalação do novo centro paranaense de pesquisa agropecuária contou com recursos da Organização Internacional do Café (OIC) e do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Fusão
Em nova alteração administrativa no âmbito da Seab, em 2019 o Governo do Estado promoveu a junção do Iapar ao Instituto Emater, a Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) e o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), criando o IDR-Paraná.
Pesquisa
s atividades da diretoria de pesquisa do IDR-Paraná são organizadas em nove programas temáticos — agroecologia; café; grãos: feijão e cereais de inverno; fruticultura; olericultura; produtos tecnológicos; projetos estratégicos; raízes e tubérculos; pecuária de corte e sistemas integrados de produção pecuária; pecuária de leite; recursos naturais e grãos: soja e milho.
Nesses programas são realizados cerca de 105 grandes projetos de investigação científica, que implicam a condução de dezenas de ensaios de campo espalhados por todo o Paraná — conduzidos nas estações experimentais próprias do IDR-Paraná e em áreas de cooperativas, universidades e outros centros de pesquisa parceiros
Pioneirismo
A atuação da pesquisa agronômica paranaense se destaca pelo pioneirismo em várias frentes. É o caso, por exemplo, do desenvolvimento de cultivares de maçã para regiões de inverno ameno, caso do Norte do Paraná. Adotadas por produtores de todos os estados do Sul do Brasil, as cultivares IAPAR Eva e IAPAR Julieta são também cultivadas em regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até Bahia.
O melhoramento genético, aliás, é um dos pontos altos da pesquisa desenvolvida no IDR-Paraná — são mais de 200 cultivares lançadas, abrangendo espécies como trigo, feijão, café, milho, maçã, ameixa, pêssego, algodão, trigo-mourisco, laranja, acerola e diversas forrageiras e plantas para cobertura do solo.
É paranaense o feijão carioca IPR Celeiro, primeira cultivar comercial não transgênica comprovadamente tolerante ao mosaico dourado, uma das principais doenças da cultura e que gera grandes prejuízos em lavouras de todo o Brasil.
Pioneirismo presente também na produção de citros, por meio de estudos que possibilitaram o plantio dessas frutas e a inserção do Paraná no mapa da produção nacional e internacional de frutas cítricas.
Na pecuária de corte, foi desenvolvida no antigo Iapar a primeira raça paranaense — e também a primeira originada em um centro estadual de pesquisa — o Purunã. Os cruzamentos foram iniciados em 1985, visando um animal capaz de produzir carcaças de elevado padrão, com baixo custo e que ficassem prontos para abate em pouco tempo. Para alcançar esses objetivos, os pesquisadores partiram de cruzamentos controlados envolvendo animais puros das raças Aberdeen Angus, Canchim, Caracu e Charolês.
A instituição mal iniciara suas operações, no início da década de 1970, quando os pesquisadores enfrentaram o problema da erosão, que devastava propriedades agrícolas, rios e córregos do Paraná. Com abordagem em microbacias, desenvolveram e adaptaram métodos de terraceamento e cultivo mínimo que possibilitaram recuperar milhares de hectares de solo cultivado e inspiraram projetos similares em outras regiões brasileiras e, também, na América Latina e na África. Foi um dos centros de pesquisa que deu início a estudos e avaliações sobre os benefícios do plantio direto.
Na produção cafeeira, registre-se o esforço para a recuperação da cultura no Estado após a famosa geada de 1975, com o desenvolvimento do modelo de plantio adensado e foco na qualidade da bebida. A equipe de pesquisadores também atuou, em parceria com entidades nacionais e internacionais, no sequenciamento do genoma da planta. Atualmente, os pesquisadores se dedicam a estudar técnicas de manejo e ao desenvolvimento de cultivares que deem bebidas diferenciadas em aroma, corpo, sabor e acidez.
Reportagem: Edmilson Liberal