Há 33 anos um grupo de produtores se reúne, todo sábado, para vender sua produção no Largo Iria Correa, em frente à Catedral Diocesana Nossa Senhora do Rosário, em Paranaguá. São 23 famílias de agricultores, pescadores, artesãos e instituições parceiras, que se dedicam a viabilizar a feira, de forma integrada e com bons resultados. Ali o consumidor encontra frutas, legumes, verduras, flores, artesanato, sucos, pescados, derivados de leite, palmito, derivados de mandioca, panificados ou podem fazer um lanche rápido com pastel, coxinha e café.

De acordo com Leoclides Lazzarotto, do IDR-Paraná de Paranaguá, mais de 50 famílias já atuaram na feira. O Instituto esteve sempre ao lado dos agricultores, desde as primeiras iniciativas de organizar um espaço de comercialização. Além dos produtores, os consumidores também foram beneficiados. “A feira oferece à população urbana mais uma opção para a aquisição de gêneros alimentícios. Os pequenos produtores, por sua vez, têm conseguido comercializar seus produtos em condições de permanecer no processo produtivo”, observou Lazzarotto. O extensionista acrescentou que nessas três décadas a feira também contribuiu para desenvolver o espírito organizacional, associativo e comercial dos produtores.

Lazzarotto contou que a feira começou, em 1990, com o agricultor Pedro Inácio Mendonça. “Ele vendia seus produtos de forma individual, oferecendo-os de casa em casa e não tinha condições de transportar as hortaliças e frutas. Foi então que o padre José Miguel o convidou para realizar uma feira. A Igreja Catedral Diocesana apoiou o produtor, conseguindo um local para que ele guardasse as barracas e tivesse acesso aos banheiros. A Igreja também ajudou na divulgação”, lembrou o extensionista.

Convívio social

Com o sucesso da iniciativa, outras instituições aceitaram a proposta de participar da feira. Entre elas a EMATER, hoje IDR-PARANÁ, a prefeitura e a imprensa local. A partir daí foi organizado um regimento Interno e um cadastro de produtores. “O primeiro grupo teve seis participantes das Colonias Agrícolas de Paranaguá e região e um pescador da Ilha do Maciel. Os preços praticados na feira eram definidos, sempre, por meio de uma pesquisa na semana anterior”, explicou Lazzarotto.

Em maio de 1991 a feira comemorou seu primeiro aniversário. Após uma pesquisa mercadológica realizada pelos técnicos da EMATER/IDR-PARANÁ, observou-se que os preços praticados atendiam à expectativa de 80% dos consumidores e 90% consideravam os produtos de ótima qualidade. Em 2009 já existiam 32 famílias no grupo que arrendou um local próprio para a guarda das barracas e reuniões, em virtude da reforma das instalações da Igreja. Em 2022 o grupo conseguiu a aprovação da Lei 4.111, em 10 de janeiro, que oficializou a feira como evento social, econômico, patrimonial e cultural do município.

Hoje a feira de Paranaguá vai além da simples comercialização de hortifrutigranjeiros. O espaço permitiu criar um local de laços de amizades, convívio, aproximação do consumidor com os produtores, troca de experiências, reconhecimento da agricultura familiar, promoção e desenvolvimento econômico, social e cultural, valorizando a produção artesanal, a integração social e preservação de hábitos culturais. A feira busca fomentar a unidade de esforços entre as instituições afins, abrindo espaço para que os agricultores, pescadores e artesãos possam comercializar seus produtos diretamente aos consumidores. Tem servido como Incentivo às atividades agropecuárias e pesqueiras do município e região, divulgando as potencialidades agropecuárias e pesqueiras de Paranaguá. As comemorações de aniversário da feira ocorrem em agosto, quando há maior oferta de produtos. Aos sábados as famílias chegam ao local da feira às 5h da manhã. Mas a venda para os consumidores vai das 6h às12h.