IDR-Paraná Promove Encontro Técnico para Combater Virose em Lavouras de Tomate 14/02/2025 - 16:53

O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater (IDR-Paraná) realizou um encontro técnico crucial nesta semana para debater e elaborar estratégias de enfrentamento à grave crise que assola as lavouras de tomate na região de Faxinal. Uma virose devastadora, fortemente associada à proliferação da mosca-branca (Bemisia tabaci), tem causado prejuízos milionários aos produtores, ameaçando reduzir drasticamente a safra esperada de R$ 40 milhões para menos de R$ 10 milhões. A urgência da situação demandou uma ação rápida e coordenada, reunindo especialistas de diversas áreas para buscar soluções eficazes e sustentáveis.

O Impacto da Crise - João Reis, coordenador estadual de olericultura do IDR-Paraná, expressou a gravidade da situação, ressaltando o impacto econômico e social da crise:

"Tomamos um susto com o tamanho do dano em Faxinal. É um dano muito grave e é um dinheiro que impacta na renda da região e para os agricultores também, que já vinham de uma frustração de safra devido ao preço. Teve uma safra boa, mas os preços do tomate no ano de 2024 estavam muito baixos e os agricultores já estavam com a expectativa de recuperar essa queda. De repente, surgiu a questão agora da doença."

A rápida disseminação da virose, favorecida por condições climáticas propícias à proliferação da mosca-branca – como altas temperaturas e baixa umidade – expôs a vulnerabilidade das variedades de tomate cultivadas na região, especialmente a variedade 'Pai Pai', que corresponde a aproximadamente 80% das plantações locais. Essa monocultura, embora possa trazer benefícios em termos de uniformidade da produção, aumenta significativamente o risco de perdas generalizadas quando uma doença se manifesta. A mosca-branca, vetor do virus, encontra nas plantações de tomate um ambiente ideal para sua reprodução e disseminação, agravando ainda mais o problema.

Objetivos do Encontro - O evento reuniu extensionistas do IDR-Paraná, pesquisadores locais e representante da Embrapa, com foco em três pilares principais, visando uma abordagem abrangente e integrada:

Diagnóstico Preciso: Busca-se definir com clareza o agente causador da virose, com suspeitas recaindo sobre diferentes espécies de Begomovirus, um grupo de vírus transmitidos por moscas-brancas. Para isso, enfatiza-se a necessidade de análises genéticas aprofundadas, utilizando técnicas de PCR (reação em cadeia da polimerase) e sequenciamento genético para identificar o vírus específico e suas variantes.

Troca de Conhecimentos: A presença da Embrapa, que possui expertise em diversas frentes de pesquisa sobre viroses em hortaliças, possibilitou o compartilhamento de métodos e resultados de pesquisas, incluindo estratégias de manejo integrado de pragas (MIP). Essa troca de informações é crucial para adaptar as melhores práticas às condições específicas da região de Faxinal.

Elaboração de Nota Técnica: Um documento orientador será elaborado para fornecer diretrizes claras e concisas a técnicos e produtores sobre medidas de prevenção e  controle e da virose. A nota técnica abordará desde o monitoramento da população de moscas-brancas até a orientações sobre o manejo adequado da lavoura, como a eliminação de plantas daninhas que podem servir de hospedeiras para o vírus e a mosca-branca. Utilização de cultivares de tomate resistentes a begomovirose.

Ações Coordenadas e Soluções Propostas - Rui Pereira Leite, pesquisador do IDR-Paraná, detalhou o plano de ação, enfatizando a importância da colaboração entre pesquisa e extensão rural:

"Vamos formar um subgrupo envolvendo tanto pesquisadores quanto técnicos da extensão para elaborar esse documento, onde apontaremos o problema e orientaremos os técnicos e produtores sobre como tratar isso. Será uma informação bastante genérica, porque é um problema que ainda estamos investigando para definir com mais especificidade. O que já está bem claro é que se trata de um grupo de vírus Begomovirus. Na nota técnica, vamos propor direcionamentos para que os produtores possam ter um suporte técnico para tomar as providências necessárias, tanto do ponto de vista técnico quanto no sentido de acionar seguros."

As principais estratégias discutidas e propostas incluem - Identificação e Promoção de Cultivares Resistentes: Intensificação da pesquisa e avaliação de variedades de tomate com maior resistência ou tolerância às viroses presentes na região.

Fortalecimento do Manejo Integrado de Pragas (MIP): Adoção de práticas sustentáveis e estratégias eficazes de controle da mosca-branca, visando reduzir a população do vetor e, consequentemente, a incidência da virose. O MIP envolve o uso de diferentes táticas de controle, como o monitoramento constante da lavoura, a utilização de armadilhas adesivas para capturar as moscas-brancas, a aplicação de inseticidas seletivos que preservem os inimigos naturais da praga, e o uso de produtos biológicos, como fungos e bactérias entomopatogênicas, que controlam a população da mosca-branca de forma natural.

Suporte Econômico aos Produtores: Desenvolvimento de alternativas para compensação de perdas e estabilização da produção, incluindo a avaliação da viabilidade de seguros agrícolas e a busca por linhas de crédito emergenciais para auxiliar os produtores a superar as dificuldades financeiras causadas pela crise.

Perspectivas Futuras - A colaboração entre IDR-Paraná e demais instituições presentes no encontro é vista como fundamental para o desenvolvimento de soluções duradouras e para o fortalecimento do setor tomateiro paranaense. A expectativa é que as medidas propostas não apenas mitiguem os danos imediatos, mas também promovam a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e resilientes, capazes de enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pelas novas pragas e doenças.

João Reis concluiu enfatizando a importância da ação coordenada e do acompanhamento contínuo da situação: "Com o apoio da pesquisa desencadeando os trabalhos e o nosso corpo técnico também começando a entender a necessidade de acompanhar, olhar as lavouras mais detalhadamente, ouvir os agricultores e coletar mais amostras, estamos no caminho certo para tratar o assunto de forma eficaz."

O IDR-Paraná reafirma seu compromisso em continuar monitorando a situação de perto e ajustar as estratégias conforme necessário, garantindo que os produtores de tomate da região recebam o suporte técnico e econômico necessário para superar este desafio e recuperar a produtividade e a rentabilidade de suas lavouras. A pesquisadora do IDR-Paraná, Rubia de Oliveira Molina,  reforça a ação da pesquisa, detecção e monitoramento da virose nas regiões produtores de tomate. Investigação com uso de técnicas moleculares para elucidar as espécies virais existentes nas lavouras, completa.

A chave para o sucesso reside na união de esforços, na troca de conhecimentos e na adoção de práticas inovadoras e sustentáveis.