IDR-Paraná participa de intercâmbio Brasil-Etiópia 07/05/2021 - 17:15

A experiência do Brasil com o cultivo de feijão-fava e trigo tropical, além do sistema de Ater (assistência técnica e extensão rural) podem servir de modelo para a Etiópia. O assunto foi discutido na última quinta-feira (06) durante um encontro online de Intercâmbio do Brasil com a Etiópia. O evento foi realizado pela “Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit” (GIZ Brasil), com parceria da Asbraer (Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural) e contou com a participação de representantes do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater). A intenção foi analisar os aspectos políticos e técnicos das instituições brasileiras de Ater, além de apontar possíveis temas futuros de cooperação. 

Vânia Cirino, diretora de Pesquisa do IDR-Paraná, apresentou as ações de Ater que o Instituto leva a agricultores e como a instituição tem contribuído para o desenvolvimento rural sustentável no estado, além de mostrar a atuação do IDR-Paraná na execução de políticas públicas. Vânia também falou a respeito da realidade agrícola do Paraná, mencionando que em relação a recursos naturais e manejo integrado de pragas e doenças, todos os produtores - pequenos, grandes e médios - necessitam de ações de Ater pública. Ela ainda destacou os programas desenvolvidos em conjunto por extensão rural e pesquisa.

O Intercâmbio Brasil-Etiópia contou ainda com a experiência do IDAM/AM (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas). O diretor de assistência técnica e extensão rural do IDAM, Luiz Herval, mostrou as dificuldades da região Norte por sua extensão e especificidade. “A Ater no Amazonas é a mais cara, mas conseguimos também dar capilaridade e atender nosso público, inclusive povos tradicionais”, afirmou Herval. O evento contou ainda com a participação do ministro de Desenvolvimento Agropecuário da Etiópia, Girmane Garuma

Desafios
De acordo com o Ministério da Agricultura da Etiópia, o país possui em torno de 60 mil extensionistas que são chamados de agentes de desenvolvimento, e possuem formação em áreas diversas de nível superior e técnico. O país possui um centro de capacitação, onde os produtores recebem o atendimento dos extensionistas. Segundo Yenenesh Egu, diretora de Extensão Rural do Ministério da Agricultura da Etiópia, o país busca desenvolver uma extensão pluralista, ligando a extensão à pesquisa.
A Etiópia enfrenta muitos desafios, entre eles um sistema inadequado de serviços e uma produção focada em sistemas ineficientes. Os produtores têm pouco acesso aos serviços de financiamento, o que impede a produção em larga escala. Outra dificuldade é que o país tem um quadro institucional limitado, principalmente para a produção de conhecimento. Segundo Yenesesh, é preciso desenvolver novas tecnologias, mas o sistema de extensão para disseminar essas informações no país não é robusto. A diretora entende que é necessário que o produtor esteja ligado às necessidades do mercado, além de o país precisar de um serviço diversificado de extensão rural.
Durante o encontro virtual o presidente da Asbraer, Nivaldo Magalhães, deu um panorama nacional da extensão rural brasileira. Ele lembrou que desde que o serviço de Ater deixou de ser custeado pelo governo federal, os estados assumiram esse papel. “Com toda essa mudança tem entidade que faz a assistência técnica, a extensão rural, a pesquisa e a regularização fundiária”, afirmou Nivaldo. 

Diferencial
Enquanto a Etiópia tem 60 mil extensionistas, o Brasil tem 15 mil profissionais. Mas no Brasil o sistema funciona porque cada estado tem seu escritório central, coordenadorias regionais e escritórios locais nos municípios, tornando a extensão rural pública acessível aos produtores.

Outro diferencial brasileiro é que o serviço de Ater é gratuito para o agricultor familiar e pequeno produtor. 
“Nós que fazemos a Asbraer, fazemos o intercâmbio entre estados para trocar experiências e com isso, damos uma melhor qualificação na Ater pública. Apesar de sermos 27 estados, temos uma coordenação única pela Asbraer e fazemos a representação de todo o país junto ao governo federal. A partir daí temos uma orientação única para todos os estados e desenvolvemos as políticas públicas”, completou Nivaldo. Ele acrescentou ainda, que a Ater pública também orienta o agricultor na comercialização.

A conversa entre representantes da Etiópia e Brasil segue nesta quarta-feira (12), às 8h30 (horário de Brasília), com apresentações técnicas sobre feijão-fava e trigo tropical de técnicos da Empaer/PB e IDR-Paraná, além da participação da Embrapa.

Reportagem: Roberto Monteiro