Nebraska pode contribuir para a agricultura paranaense 27/02/2024 - 12:17
Conhecer tecnologias inovadoras de irrigação foi o principal objetivo da viagem realizada, na semana passada, por uma comitiva paranaense ao estado do Nebraska, região central dos Estados Unidos. Representantes do Governo do Estado, do setor produtivo e de cooperativas agrícolas paranaenses participaram de reuniões e visitas técnicas, a fim de desenvolver parcerias, aprofundar a troca de experiências em relação ao uso de tecnologias, bem como para buscar investimentos internacionais. Natalino Avance de Souza, diretor-presidente do IDR-Paraná, integrou a comitiva e afirmou que hoje o Nebraska é referência mundial em termos de irrigação e uso da inteligência artificial neste segmento. Para ele, o Paraná tem muito a aprender com o estado norte-americano, sobretudo com o uso da água de forma responsável e sustentável.
“O Paraná precisa pensar em irrigação. O estado é conhecido pela sua competência na agricultura, pelas práticas de sustentabilidade, mas a gente ainda tem muito a evoluir nos sistemas de irrigação, no armazenamento, na produção e no uso da água. Nós podemos tornar a nossa agricultura ainda mais competitiva”, ressaltou Souza. Ele informou que o Nebraska tem uma área próxima à do Paraná e produz muito mais, resultado da aplicação de tecnologias de irrigação. “Esse sistema do Nebraska teve início a partir de uma grande seca que ocorreu em 1952. De 1954 para frente eles começaram a desenvolver esse sistema que já tem sete décadas, está muito evoluído e muitas das coisas que a gente viu podem ser trazidas para o Paraná”, observou o diretor-presidente do IDR-Paraná.
Fundos de investimento
Segundo Souza, em julho haverá dois eventos que vão tratar de irrigação no Paraná. A intenção é trazer alguns especialistas norte-americanos, do Nebraska, para que eles conheçam a realidade do estado e tragam contribuições para a agricultura paranaense. “Uma outra ação será negociar com fundos que já operam na agricultura do Nebraska para que possam operar também no Paraná. Esses fundos podem ser financiadores das propriedades em sistemas que nós não temos aqui. Por exemplo, um sistema de assinatura para irrigação, como a agente tem para a internet”, explicou Souza.
De acordo com o diretor-presidente do IDR-Paraná, o governo do estado está firmemente disposto a avançar na irrigação. Ele informou que existe uma demanda para o Instituto para fazer ações concretas em direção ao avanço dessa prática na agricultura. “O Nebraska pratica muito o uso de águas subterrâneas. Eles têm todo um sistema de monitoramento dessa água para garantir que ela perdure, tenha sustentabilidade. Esse tipo de tecnologia, de prática e comportamento, nos interessa importar. Nós temos pensado que não é fazer irrigação a qualquer preço. É fazer de uma forma responsável. O que a gente viu que está sendo feito no Nebraska”, concluiu.
Pesquisas diversas
O Centro de Pesquisa, Extensão e Educação do Leste de Nebraska, visitado pela comitiva paranaense, é vinculado ao Instituto de Agricultura e Recursos Naturais da Universidade do Nebraska e tem 3,9 mil hectares. A maior parte a área é ocupada por linhas de plantação de grãos, e mais de 6 mil animais, entre bovinos e suínos. O Centro comercializa e rentabiliza a própria produção. O centro é financiado pelo setor privado e desenvolve desde técnicas de manejo e irrigação, pesquisas relacionadas à emissão de gases, rendimento de carcaça animal até a produção de mudas mais resistentes e medição de temperatura de solo.
Uma das regiões que pode se beneficiar com o uso da tecnologia de irrigação utilizada no Nebraska é a do Arenito Caiuá, no Noroeste do Paraná. A região tem solos com baixa fertilidade natural, drenagem rápida do solo, e está mais sujeita ao processo de erosão. O Arenito Caiuá tem mais de 3,2 milhões de hectares que têm um grande potencial de desenvolvimento com métodos adequados de produção, como a irrigação. O Governo do Estado já estuda a possibilidade de enviar membros do IDR-Paraná e do Instituto Água e Terra (IAT) aos Estados Unidos para uma imersão técnica em sistemas de irrigação. De forma complementar, especialistas das empresas norte-americanas poderão ser trazidos ao Estado para demonstrar detalhes dessas soluções aos agricultores paranaenses.