O Boletim Agrometeorológico de maio do IDR-Paraná indica excesso de chuvas no sul e escassez no norte do estado 12/06/2024 - 12:12

Em maio de 2024 houve grandes variações de precipitação no Estado. Enquanto mais ao sul houve um alto quantitativo de chuva provocado pela atuação sistemas frontais (frentes frias), nas regiões centrais e ao norte houve escassez de precipitação, com registro somente na segunda quinzena do mês (Figura 1). O maior acumulado mensal de chuva ocorreu em Francisco Beltrão, no Sudoeste, onde choveu 343,6 mm. O menor índice pluviométrico registrado foi de 21,4 mm em Jaguariaíva, no Norte do Estado.

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Figura 1. Precipitação registrada em maio de 2024 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

 

As anomalias de precipitação foram superiores à média histórica nas regiões Sul, Sudoeste e RMC e nas demais os índices permaneceram abaixo da média histórica (Figura 2 e 3). O Sudoeste e Sul registraram superávits de chuva de 111,0 mm e 84,6 mm, respectivamente, em relação à média histórica. As regiões Noroeste e Norte foram as que registraram menores índices pluviométricos, com déficits de 49 mm e 67,8 mm em relação à média histórica. A média estadual de precipitação foi de 134,4 mm, sendo que a média histórica é de 126,3 mm.

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Figura 2. Precipitação média (mm) registrada em maio de 2024 e histórica (1976-2023) nas regiões do Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.*RMC - Região Metropolitana de Curitiba.

 

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Figura 3. Anomalia de precipitações (mm) registradas em maio de 2024 em relação à média histórica no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

 

As temperaturas foram bastante elevadas para a época, especialmente as mínimas, com valores acima da média histórica em todo o Estado, devido à presença de um forte bloqueio atmosférico durante a segunda quinzena de abril e primeira quinzena de maio (Figura 4). Em Cambará, Norte do Estado a anomalia das temperaturas mínimas do ar atingiu 4,4 oC. Em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, a média das temperaturas máximas do ar foi 23,9 oC, sendo que a média histórica é 20,7oC.  Na média estadual, as temperaturas máxima e mínima do ar foram 1,7 oC e 2,5 oC acima da média histórica, respectivamente. Houve atuação de uma massa polar de fraca intensidade no final do mês, provocando apenas geadas leves e restritas a algumas áreas do Centro/Sul do Paraná. A menor temperatura registrada foi de 2,3 oC no dia 29/05 no município de Entre Rios, localizado na região Central do Estado.

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Figura 4. Anomalia das temperaturas máximas e mínimas do ar de maio de 2024 no Paraná. Fonte: IDR-Paraná e Simepar.

 

AGRICULTURA

MILHO 2ª SAFRA – No final de maio, 52% das lavouras de milho segunda safra do Paraná estavam em boas condições, 31% medianas e 17% ruins (SEAB). Houve uma piora em relação ao mês de abril (68% boas, 22% médias e 10% ruins) devido à estiagem. Praticamente todo o milho do Estado está na fase de frutificação e maturação (98%) e a colheita já se iniciou em algumas áreas (7%).

FEIJÃO 2ª SAFRA – No mês de maio, a colheita de feijão passou de 16% (abril) para 94% da área. Nas lavouras restantes as condições estavam 47% boas, 33% medianas e 20% ruins (SEAB). Houve uma piora em relação ao mês de abril, quando 66% das lavouras estavam em boas condições. Isso ocorreu em decorrência da chuva e umidade excessiva registradas nos últimos dois meses na região Sul do Paraná que é a principal produtora, desencadeando problemas de pragas e doenças e também na qualidade do produto colhido, dificultando inclusive a comercialização.

TRIGO – A semeadura do trigo atingiu 73% até o final de maio, com 84% das lavouras em boas condições (SEAB). Devido à seca a cultura teve uma piora em relação ao mês anterior, que era 97%. Muitas lavouras tiveram germinação desuniforme ou plântulas mortas pela falta de umidade.

CEREAIS DE INVERNO – A cevada chegou a 37% da área semeada, com 93% em boas condições (SEAB). Prossegue também a semeadura da aveia branca e da aveia preta.

CANA-DE-AÇUCAR – Intensificou-se a colheita de cana, favorecida pelo tempo majoritariamente seco nas regiões produtoras (Norte e Noroeste). As produtividades têm sido normais apesar do déficit hídrico.

FRUTICULTURA – O clima favoreceu as frutíferas da época como laranja, poncã e banana, as quais estão em fase de colheita e apresentam boas produtividades.

OLERÍCOLAS – As hortaliças e olerícolas em geral apresentaram boas produtividades, inclusive as áreas da segunda safra de batata, que passaram de 29% para 56% colhidas (SEAB).

CAFÉ – O café apresentou uma boa frutificação e a maioria das lavouras encontrava-se em fase de maturação (65%), sendo consideradas 83% em boas condições e 17% em condições medianas (SEAB). 15% do café do Paraná foram colhidos até o final de maio. Muitas lavouras apresentaram uma quantidade relevante de grãos miúdos, devido altas temperaturas e longos períodos de estiagem durante a safra.

PASTAGENS – De forma geral, as pastagens apresentaram uma boa produção de massa verde, exceto em localidades em que a seca foi mais severa, como no Noroeste do Estado.

MANANCIAIS HÍDRICOS – Os rios, represas e córregos apresentaram níveis de água dentro da normalidade.
 

Elaborado pela equipe de Agrometeorologia do IDR-Paraná, Londrina:

Heverly Morais

Pablo Ricardo Nitsche

Angela Beatriz Ferreira da Costa

Apoio: SEAB/DERAL e SIMEPAR