A Estação de Pesquisa em Agroecologia (CPRA) do IDR-Paraná, em Pinhais, sediou na segunda-feira (26) a oficina para a elaboração do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual do Iraí. O evento que foi promovido pelo Instituto Água e Terra (IAT), Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) e a Ecolibra, contou com a participação de representantes do poder público, nas diferentes instâncias municipais e estaduais, da sociedade civil, da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (AMEP), do Batalhão da Polícia Federal, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), entre outros. O objetivo foi buscar contribuições de diversos setores da sociedade para complementar o diagnóstico entregue à SANEPAR.

Uma APA tem como objetivo proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais. O Plano de Manejo, por sua vez, é um documento técnico que, baseado nos objetivos da unidade de conservação, estabelece o zoneamento e as normas para o uso da área. “As APAs são fundamentais para a segurança hídrica para a região metropolitana de Curitiba como um todo. Tendo em vista que não se faz uma gestão territorial de uso sustentável sozinho, é extremamente importante todos os órgãos e população se envolverem para poder cuidar da melhor forma deste território”, destacou André Fialho Eiterer, geógrafo da Diretoria do Patrimônio Natural (DIPAN).

DESAFIOS

Katiuscia Wilhelm Kangerski, consultora da Eco Libra, ressaltou que a APA do Iraí tem algumas particularidades que devem ser observadas. “Em relação às características econômicas da APA do Iraí, há presença de indústrias de mineração, atividades de urbanização intensa, agropecuária com utilização de agrotóxicos e também existe a agricultura orgânica” observou. Para ela, o desafio é buscar o equilíbrio, de forma que a normatização permita que a atividade econômica continue a se desenvolver, mas com controle rigoroso. “O objetivo da atividade econômica, dos órgãos gestores e da criação da APA é comum: garantir água de qualidade e em quantidade. Todos precisam deste recurso natural tão importante para manter suas atividades”, afirmou Katiuscia.

Na opinião de Emilio de Sousa, extensionista do Programa Paraná Mais Orgânico, a agricultura orgânica tem um papel importante na preservação dos recursos naturais. “Os agricultores orgânicos são muito importantes dentro das áreas de proteção ambiental, já que o manejo orgânico contribuiu ao buscar a preservação do solo e uso consciente dos recursos naturais e mitigação dos gases do efeito estufa. É um momento de estar junto com outros atores, poder falar e dar contribuições baseadas em nossas vivências”, destacou.

Discussões voltadas às considerações do risco climático fizeram parte da programação da oficina. Alguns temas abordados foram o risco de queimadas, problemas de estiagem, assoreamento provocado por chuvas intensas e enxurradas, e o desmatamento. O grupo também discutiu possíveis soluções que envolvem paisagismo funcional, restauração de áreas degradadas, compensação ambiental pela captação de água com valores justos e priorização de populações vulneráveis em área de risco nos projetos habitacionais.

A oficina fez parte de uma série de atividades realizadas também em outras APAs estaduais. Em 2025, as oficinas serão dedicadas à fase de planejamento do território da APA, abordando questões como o zoneamento, a normatização e os programas a serem implementados para a gestão adequada desses territórios.