A Jornada de Agroecologia é um dos maiores eventos do Brasil voltados à promoção de práticas sustentáveis e sociais no campo. Neste ano, a Jornada aconteceu no campus Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Foi iniciada no último dia 2, segunda-feira e terminou no domingo (8). O evento reuniu oficinas, seminários, Feira da Agrobiodiversidade, Espaço Saúde, Culinária da Terra e apresentações culturais.

Uma das oficinas oferecidas na jornada tratou foi a respeito dos Microrganismos Eficientes (E.M.), uma prática que evidencia o potencial da biodiversidade do solo para a agricultura sustentável. Os instrutores da oficina abordaram desde a captura de microrganismos no arroz, até sua multiplicação e aplicação. Os participantes aprenderam que os microrganismos podem ser coletados em solos de florestas utilizando arroz cozido e sem tempero, colocado em um recipiente de bambu e enterrado na serapilheira, camada superficial do solo. Após 15 dias, o arroz apresenta colorações que indicam a presença de fungos, bactérias e leveduras, essenciais para o fortalecimento do solo.

Segundo o instrutor e técnico do Programa Paraná Mais Orgânico Núcleo IDR-Paraná -CPRA Nicolas Schwaner Brasil, o E.M. é uma alternativa de baixo custo com grande potencial para a agricultura. “É indicado para plantas que estão sofrendo estresse hídrico, nutricional ou térmico. Os microrganismos ajudam na proteção e na disponibilidade de nutrientes, reduzindo o risco de doenças na planta. O segredo de um bom E.M. é a diversidade de espécies dentro dele”, explicou Nicolas, que também apresentou outras fontes de carboidrato para a captura, como batata-doce ou a batata inglesa.

Intercâmbio
O agricultor e feirante Antônio dos Santos Vaz Filho, de Palmital, destacou o que aprendeu. “Muito boa a oficina, do começo ao fim aprendemos bem. Eu já conhecia o E.M., mas não via resultados. Conversando com o instrutor, descobri o que estava fazendo errado. Aprendi a multiplicar e a usar o E.M. para dar imunidade às plantas. Sempre que posso, participo dessas oficinas da Jornada de Agroecologia porque o aprendizado me ajuda a resolver problemas onde moro”, afirmou o produtor.

Já o assessor de projetos em Cândido Rondon, Gustavo Medeiros, viu na oficina uma oportunidade de integrar o uso de E.M. ao trabalho com comunidades indígenas, desenvolvido pela Fundação Luterana Diaconia (FLD). “Eu queria mais informações sobre microrganismos, porque é uma tecnologia acessível e prática. Me chamou a atenção por ser uma tecnologia da floresta, e pretendo aplicá-la no meu trabalho. Além disso, saí com um vidro de E.M. como presente”, disse Medeiros.

Além da oficina de Microrganismos Eficientes, a Estação de Pesquisa em Agroecologia do IDR-Paraná ofereceu outras atividades durante a jornada como o processamento de alimentos orgânicos, a forma de produção de bioinsumos (microrganismos isolados) na propriedade e a construção de um minhocário Caseiro. A Jornada de Agroecologia promoveu debates, oficinas e experiências que conectaram pessoas às práticas agroecológicas e à valorização da biodiversidade.