Paraná pode se inspirar em modelo dos EUA para a formação de jovens rurais 15/08/2024 - 10:27

Atuar diretamente com os jovens do meio rural e investir em sua formação são preocupações da diretoria do IDR-Paraná. Pensando nisso, a instituição analisa estratégias para chegar a esse público, oferecendo alternativas que tornem a atividade agropecuária mais atraente para a população das comunidades rurais. Para Richard Golba, diretor-presidente do Instituto, o conhecimento e o trabalho cooperativo são caminhos que devem conduzir os produtores rurais que desejam se manter no mercado.

A conclusão de Golba surgiu após uma visita, no início deste mês, aos Estados Unidos quando ele conheceu algumas instituições que promovem iniciativas na área da agricultura nos estados de Iowa e Missouri, no Centro-Oeste norte-americano. “O que mais me chamou a atenção, e me inspirou, foi a capacidade dos norte-americanos de cooperar. Eles buscam as conexões não só dentro como fora do país. Uma busca ativa por conexões cooperativas. São cooperações pontuais, focadas em objetivos, com grandes empresas ou escolas, sempre tendo como objetivo desenvolver o empreendedorismo”, explicou Golba. Ele acrescentou que o processo de inovação é permanente, com foco nos resultados de qualidade, passíveis de aplicação prática, com ganhos econômicos. “A cooperação é uma estratégia para o sucesso dos investimentos em inovação. Durante as visitas a universidades públicas e privadas, a cooperativas e a órgãos governamentais foi notável perceber a busca ativa por empresas e organizações com potencial para a parceria. Ou seja, o ganha-ganha é o elo dessa parceria”, ressaltou Golba.

O diretor-presidente do IDR-Paraná visitou o Danforth Plant Science Center, um centro que desenvolve pesquisas com plantas para aplicação na indústria de alimentos e de combustíveis. O Centro dispõe de uma equipe de 284 pesquisadores de diferentes países e áreas de conhecimento. Essa estrutura é oferecida em sistema de prestação de serviços para projetos de pesquisa, do início ao fim ou para etapas específicas. Golba ainda visitou a Universidade Estadual de Iowa (ISU), instituto de pesquisa pública na cidade de Ames, conhecida pelo destaque em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, principalmente nas áreas de agricultura, engenharia e ciências dos materiais. “Estou convencido que, na origem, essas organizações conseguem fazer, gerenciar e fortalecer alianças com o setor público e organizações privadas, com objetivos bem definidos e mensuráveis. Então podemos organizar a cooperação entre IDR-Paraná e essas organizações e universidades americanas, para conhecer as experiências exitosas. Vamos pedir ajuda da Invest Paraná e da Secretaria da Ciência e Tecnologia para formalizar esta cooperação” destacou Golba.

Lideranças jovens - O reconhecimento da importância da formação levou o diretor-presidente do IDR-Paraná a buscar uma atuação mais forte junto aos jovens. “Estamos pensando em recuperar aquilo que já fizemos num passado não muito distante que é o trabalho com juventude rural. O mundo hoje está muito conectado. O conhecimento está mais próximo. Nós temos a Extensão e a Pesquisa na nossa estrutura, podemos selecionar jovens agricultores que tenham espírito empreendedor e dar a eles uma formação consistente, um apoio, uma força para turbinar essa capacidade empreendedora”, destacou

Golba acredita que para desenvolver esse trabalho é necessário envolver as Secretarias Estaduais da Agricultura, da Educação e de Inovação na escolha de alunos, egressos das escolas familiares rurais ou dos colégios agrícolas, que possam participar de intercâmbios dentro ou fora do Brasil. “Tem que ser algo estruturado para a gente ajudar a formar lideranças jovens. Nós sabemos que a sucessão rural é uma preocupação em todos os segmentos. Os jovens, via de regra, não estão propensos a ficar no meio rural. Nós temos que trabalhar isso e a melhor forma é repassar conhecimentos de economia rural, de cooperativismo, de uso de tecnologias, de inovação tecnológica, da inteligência artificial que é o mundo em que esses jovens vão viver”, observou Golba.

Uma ideia é criar pequenas unidades de pesquisa em algumas propriedades, onde o pesquisador, o extensionista e os jovens possam conduzir um trabalho pedagógico que vai gerar um resultado científico. “Hoje o Paraná nos dá essa oportunidade porque nós temos extensão e pesquisa juntos na mesma instituição. Temos ainda muitos jovens de colégios agrícolas e escolas familiares rurais que estão aptos a esse trabalho”, concluiu Golba.

A missão que participou da viagem aos Estados Unidos contou ainda com a participação dos secretários da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldo Nelson Bona; da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI), Alex Canziani e do diretor da Invest Paraná, José Eduardo Bekin. O contato da missão com instituições norte americanas foi um desdobramento da viagem do governador Carlos Massa Ratinho Junior ao país.