Paraná tem o reconhecimento internacional de área livre da febre aftosa sem vacinação 28/05/2021 - 08:27
O Paraná conquistou a certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação. O novo status sanitário do estado foi confirmado nesta quinta-feira (27) pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), durante cerimônia virtual da 88ª Sessão Geral da Assembléia Mundial dos Delegados da Organização, realizada em Paris, França. O estado obteve reconhecimento nacional do Ministério da Agricultura e Pecuária em agosto do ano passado e aguardava pela validação da OIE, que também reconheceu os pleitos do Rio Grande do Sul e do Bloco I (Acre, Rondônia e parte do Amazonas e do Mato Grosso). Além da aftosa, a instituição deu a chancela ao Paraná de zona livre de peste suína clássica.
A conquista do Paraná é o resultado de uma luta de mais de 50 anos do governo do estado e do setor produtivo. “O Paraná lutava há décadas por essa chancela, que vai mudar o patamar de produção da pecuária paranaense, que já é bastante forte. Com o apoio das entidades do setor produtivo, organizamos toda a estrutura de sanidade animal e fizemos a lição de casa”, afirmou o governador Carlos Massa Ratinho Junior. Segundo o governador, os rebanhos paranaenses já não recebem a vacina e, há anos, o vírus causador da doença não circula no estado. "Esse reconhecimento vai ajudar a abrir mercado para a carne produzida no Paraná, ampliando os investimentos no estado que vão gerar mais emprego e renda para a população”, acrescentou Ratinho Junior. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ressaltou que é preciso um esforço de todo o setor produtivo para manter esse status conquistado depois de anos de empenho de produtores e governo.
O último foco de febre aftosa no Paraná foi registrado em 2006. Naquele ano o governo e o setor produtivo se organizaram para melhorar a estrutura sanitária paranaense, o que incluiu a criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o reforço da fiscalização nas divisas e o controle dos rebanhos.
A imunização contra a aftosa foi interrompida no Paraná em 2019 e a campanha de vacinação, que acontecia duas vezes por ano, foi substituída pela campanha de atualização de rebanhos. O cadastro é obrigatório para garantir a rastreabilidade e a sanidade dos animais. Nos últimos anos também foi realizado um extenso inquérito epidemiológico, com coletas de amostras do sangue de quase dez mil animais, em 330 propriedades rurais, provando que o vírus já não circula no Paraná.
Pecuária
O estado é o maior produtor e exportador de proteína animal do país, com liderança em avicultura e piscicultura. O reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação vai ajudar a abrir mercados para a carne paranaense e outros produtos de origem animal, com a possibilidade de comercialização a países que pagam melhor pelo produto, como Japão, Coreia do Sul e México.
Em 2020, o Estado produziu mais de R$ 5,7 milhões de toneladas de carne de porco, boi e frango, quase um quarto do que foi produzido no país. O estado é responsável por 33% da produção nacional de frango e por 21,4% da piscicultura. A produção paranaense de carne suína também é representativa, chegando a 21% da produção brasileira. O Paraná ainda ocupa o segundo lugar na produção de leite (13,6%) e ovos (9%). A expectativa com a abertura de mercados é que o estado atinja a liderança nacional na produção de suínos.
Norberto Ortigara, secretário estadual da Agricultura, disse que o principal recado que o Paraná passa é mostrar ao mundo uma estrutura produtiva mais desenvolvida e sadia, com um serviço de inspeção sanitária de qualidade. “Tudo isso vai refletir em novos negócios e na geração de empregos, que foi o motivo para lutarmos por essa chancela. O aumento na produção, com a expansão de novas plantas, significa mais gente trabalhando”, concluiu o secretário.
Ágide Meneguette, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) destacou que o reconhecimento da OIE deve refletir na economia do estado. "A partir de agora, nós não vendemos apenas carnes para o mundo, mas também segurança alimentar. Esse novo certificado estampado nos produtos paranaenses certamente vai abrir novos mercados, que pagam mais. Afinal, o olhar sobre os nossos produtos vai mudar para melhor. O selo não abre portas apenas à bovinocultura, mas a toda pecuária, principalmente suinocultura, que tem grande potencial de expansão, avicultura, pecuária leiteira e piscicultura”, ressaltou Meneguette.
Para José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), o status conquistado junto à OIE é o reconhecimento de um serviço veterinário de excelente qualidade. Ele informou que novas possibilidades se abrem para a pecuária paranaense. "Atualmente o estado não tem acesso a 65% do mercado de proteínas animais. Se ganharmos mais 2% desse mercado, dobramos a nossa participação no mercado internacional", afirmou.
Reportagem: Roberto Monteiro