Safra de grãos 2020/2021 deve sofrer redução 01/07/2021 - 11:45

O Paraná deve produzir 38 milhões de toneladas de grãos na safra 2020/21, em uma área de 10,4 milhões de hectares. O volume da produção apresenta uma redução de 8% em relação à safra 2019/2020, apesar de a área plantada ser 3% maior.

Essas informações fazem parte do relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. 

Os números divulgados na semana passada mostram os efeitos da longa estiagem no Paraná, com perdas significativas na segunda safra de feijão e na produção de milho safrinha. “A redução, no caso do feijão, se deve ao frio, às geadas e, principalmente, à falta de chuva quando o grão mais precisava para o seu desenvolvimento”, explicou o chefe do Deral, Salatiel Turra.

Além do Paraná, os estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais também apresentaram redução na estimativa de produção. De acordo com o secretário Norberto Ortigara, a perda significativa da produção de milho safrinha quase compromete o abastecimento e vai exigir das indústrias mais dinheiro para bancar o custo, viabilizando a importação de milho para o suprimento interno.

De acordo com Edivan José Possamai, coordenador estadual do Projeto Grãos Sustentáveis do IDR-Paraná, apesar das adversidades climáticas as lavouras de soja no estado conseguiram manter uma boa produção. Para o engenheiro agrônomo, o problema mais sério é com o milho segunda safra. "Tivemos um período de estiagem do desenvolvimento inicial até o florescimento das culturas. Então teve essa queda da produção total de grãos no estado". No entanto, Possamai acredita que haverá uma compensação para o agricultor com os bons preços que podem garantir a rentabilidade das lavouras. Por outro lado, isso pode preocupar um pouco pelo abastecimento do mercado interno de milho. “Temos a previsão de geadas no estado, que deve reduzir a produtividade do milho safrinha, tendo em vista que muitas lavouras estão na fase de formação e enchimento dos grãos. Isso significa que poderemos ter mais uma revisão para baixo da produtividade do milho segunda safra no estado do Paraná.“

Feijão
Até o momento, a produção de feijão, segunda safra, está estimada em 270,6 mil toneladas, com uma quebra de 46% com relação à estimativa inicial, que era de 501 mil toneladas. As maiores concentrações de perdas estão nos núcleos regionais de Pato Branco, Ponta Grossa, Francisco Beltrão, Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Cascavel.  A falta de chuvas durante o ciclo vegetativo e as baixas temperaturas em maio influenciaram esse resultado. Ainda de acordo com o levantamento do Deral, cerca de 57% das lavouras estão em condições consideradas ruins, 25% em condições médias e 18% em boas condições. 

Milho 
A produção de milho, segunda safra, está estimada em 9,8 milhões de toneladas, 19% a menos do que o Estado colheu no ciclo 2019/2020. Houve quebra de aproximadamente 4,9 milhões de toneladas em relação à produção inicial esperada. A perda percentual é de 33%.

Cerca de 1,8 milhão de toneladas dessa quebra, 37% da perda total do Estado, corresponde à região Oeste, principal produtora. “Na região Norte, segunda maior área do Estado, como as lavouras se desenvolveram um pouco mais tarde, talvez haja a possibilidade de recuperação”, explica o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio. Segundo ele, a partir do próximo mês esses números devem ser mais exatos.

Atualmente dos 2,52 milhões de hectares plantados, 26% têm boas condições, enquanto 41% apresentam situação mediana e 33% condições ruins. Com relação à área, a expectativa aponta para 2,5 milhões de hectares, 10% a mais que na safra passada.

Trigo
O reajuste positivo da área de trigo no Paraná é uma boa notícia. "Se o clima favorecer, o plantio pode ser um pouco maior do que se imaginava. Isso pode garantir, um suprimento interno um pouco maior, cooperando assim para a redução das importações”, disse o secretário Norberto Ortigara.  Cerca de 92% da área de trigo já foi plantada e 95% das lavouras estão em boas condições. A previsão é que o estado produza 3,9 milhões de toneladas, um aumento de 21% sobre a safra 2019/2020. A área está estimada em 1,18 milhão de hectares, um aumento de 4% sobre a safra 2019/2020. O plantio do trigo segue sem complicações e deve se encerrar em julho. 

Soja
Quanto à produção de soja, primeira safra, os técnicos do Deral apontam uma redução de 5% em relação ao ano passado e 4% inferior à estimativa inicial, de 20,7 milhões de toneladas. A seca e o atraso no plantio foram as principais causas dessa redução. Devem ser colhidas 19,79 milhões de toneladas em uma área de 5,6 milhões de hectares. Essa área é 2% superior à da safra 2019/2020. 

Devem ser produzidas 85,8 mil toneladas na segunda safra de soja, que é reduzida e destinada principalmente à produção de sementes. O volume é 4% menor que o do ciclo 2019/2020 e a área, estimada em 38,8 mil hectares, é 2% menor.

Cevada
O plantio da cevada atingiu 78% da área na semana passada no estado. Para a safra 2020/2021, as estimativas do Deral indicam uma área total de 71,5 mil hectares, crescimento de 12% comparativamente ao ciclo anterior, e produção de 327,2 mil toneladas, 20% maior. O índice de comercialização está em 30%.

Estima-se um crescimento expressivo da área com cevada nos próximos cinco anos nas regiões de Ponta Grossa e Irati impulsionado pela instalação de uma nova maltaria, em Ponta Grossa. 

Café
Nesta safra devem ser produzidas 52,6 mil toneladas de café no Paraná, 10% a menos que na safra passada, em uma área de 33,3 mil hectares, 4% menor. Atualmente, os produtores paranaenses de café têm uma rentabilidade positiva, com preços que cobrem os custos de produção, cenário bem diferente ao de anos anteriores. 

Mandioca
A previsão é que os produtores paranaenses colham 3,35 milhões de toneladas de mandioca, 4% a menos do que na safra passada, em uma área de 142,6 mil hectares, também 4% menor.  A concorrência com o plantio de soja e milho foi a principal causa da redução da área com mandioca no estado. Se em abril e maio, a seca prejudicou a colheita da mandioca e elevou os custos de produção, a volta das chuvas em junho permitiu a normalização da atividade e, consequentemente, fez crescer a oferta de matéria-prima para as indústrias de fécula e de farinha. Segundo os técnicos do Deral, a tendência é de que os preços se mantenham estáveis nos próximos meses.

Reportagem: Roberto Monteiro