A qualidade da alimentação dos filhos é uma preocupação constante para todas as mães. E foi justamente este cuidado com a família que fez Regiane Aparecida de Moura iniciar a produção orgânica.  “Desde sempre primei pela alimentação saudável. Sempre estive nas discussões sobre sustentabilidade e, com a graduação em Agronomia, com ênfase em Agroecologia, aumentou ainda mais a meta de trabalhar com orgânicos. Em 2016, quando voltamos de Rondônia para o Paraná, viemos direto para o sítio do avô do meu esposo, onde primamos em continuar o trabalho de cultivo de hortaliças livres de agrotóxicos que desenvolvíamos em Rondônia", conta Regiane. 

Com experiência no cultivo agroecológico de hortaliças, Regiane decidiu procurar o escritório do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR-EMATER para conseguir mais informações sobre o processo de certificação orgânica de seus produtos. 
O início do processo não foi fácil, com dificuldades de investimento e o mercado de hortaliças em processo de conversão a renda ainda era baixa, inviabilizando os projetos da família. No entanto, em 2018, depois de participar de excursões, cursos e dias de campo promovidos pelo IDR-Paraná, Regiane e o marido André se sentiram preparados para atuar na atividade.

Além de mãe de dois filhos, Regiane encara muitos outros desafios diariamente como mulher, negra, esposa e agricultora. Não bastasse uma rotina movimentada em sua propriedade, ela ainda responde pela presidência da Cooperativa da Agricultura Familiar de São Jerônimo da Serra (COOAF). Como líder rural Regiane luta para que outros produtores melhorem suas condições de trabalho e a vida de suas famílias. Ela está empenhada em estimular a produção orgânica na região e não mede esforços para levar informações sobre o cultivo sem agrotóxicos para outros produtores.  

Cooperativa
Em 2017, com a produção ainda em pequena escala e iniciando o processo de comercialização, Regiane decidiu se associar à COOAF para facilitar a colocação dos seus produtos nos mercados institucionais. Ela sempre foi uma cooperada ativa, nas discussões e na tomada de decisões, auxiliando os demais dirigentes e cooperados da organização. Logo Regiane assumiu a função de secretária e, na última eleição da diretoria, foi eleita presidente da COOAF.

No ano seguinte Regiane pôde contar com o apoio financeiro do programa Pró-Rural para construir uma estufa de 500 metros quadrados e conquistou, no mesmo ano, o certificado de orgânico para seus produtos, por meio do programa Paraná Mais Orgânico. Com isso, o casal pôde diversificar sua produção, alcançar novos mercados e obter um incremento de renda significativo. As hortaliças passaram a ser entregues em mercados institucionais e empresas especializadas.

Os desafios que Regiane enfrenta são grandes. Ela tem que conciliar muitas atividades, o que não é nada fácil. Porém, Regiane se mantém firme no propósito de proporcionar uma vida melhor para sua família e para os agricultores familiares da cooperativa. Os planos para o futuro são muitos e incluem a implantação de pomares orgânicos, o aumento do número de produtores com certificação orgânica na COOAF e melhorias da organização dos produtores para viabilizar e ampliar a comercialização dos produtos.
 
Assim como Regiane, o IDR-Paraná tem várias mulheres e mães entre o público que atende. Nossos profissionais acompanham a luta dessas produtoras que estão à frente de diversas atividades, da instalação de agroindústrias ao trabalho com o gado de leite ou lavoura. Elas são exemplo de mulheres que não fizeram da maternidade uma barreira para sua realização pessoal e têm muito o que comemorar no Dia das Mães. Para elas, a realização vem pelo trabalho, pela realização de projetos, mantendo sempre os olhos sobre seu maior patrimônio, os filhos. 
 

Reportagem: Roberto Monteiro