Tijucas do Sul é destaque na produção de champignon 16/02/2022 - 12:34

A produção de cogumelos chegou a Tijucas do Sul há 25 anos. O clima favorável foi um dos fatores que levou os produtores a apostarem na atividade. Aos poucos o cultivo de champignon se fortaleceu e hoje mais de quarenta agricultores se dedicam à cultura. Atualmente além da produção in natura, pequenas indústrias estão fazendo a conserva de cogumelo para atender o mercado que está aquecido. No entanto, quem já lida com a produção de cogumelos alerta que a atividade exige conhecimento e investimento do produtor, além de organização para chegar aos consumidores.

Nos últimos dez anos a produção de cogumelos ganhou força no município e a criação da Coopertijucas (Cooperativa Agroindustrial de Produtores de Cogumelos e demais produtos de Tijucas do Sul) colaborou para esse progresso, além do acompanhamento do IDR-Paraná.  Sérgio Brito, presidente da Cooperativa, informou que os 28 produtores associados produzem oito toneladas por mês de cogumelo, in natura e em conserva. Ele acrescentou que a cada três meses a Cooperativa organiza workshops para os interessados. "Repassamos informação sobre as estufas e o início da produção. Mas o melhor aprendizado é mesmo a prática. Mas o produtor já fica sabendo como iniciar a produção", observou.

Brito informou que atualmente o custo de implantação de uma estufa gira em torno de R$ 30 mil. Segundo ele, esse investimento pode ser recuperado em dois anos se o produtor conseguir manter uma boa produção. Os associados à Coopertijucas recebem R$ 16 por quilo de cogumelo. Além disso, muitos produtores também entregam para atravessadores. "O mercado está bom porque há uma certa dificuldade de importar cogumelo da China por causa do dólar alto.  No mercado o preço varia de R$ 45 a R$ 70 o quilo. O preço vai depender se o consumidor compra o champignon in natura ou em conserva, em pequena ou grande quantidade", observou o presidente da Coopertijucas.

Laboratório
Uma das exigências do champignon é que a cultura seja mantida em ambiente ventilado e climatizado, com uma temperatura constante de 18º C. Os cogumelos são cultivados em um substrato formado por esterco de gado e composto vegetal e é preciso muito cuidado com a higiene. "É basicamente como trabalhar num laboratório. O champignon é uma cultura para quem tem bastante capricho. O produtor tem que manter uma boa higiene durante todo o ciclo, entre dois e três meses, porque o cogumelo é muito sensível a qualquer tipo de contaminação", ressaltou Heloise Parchen, do IDR-Paraná.

Em Tijucas do Sul os produtores têm de uma a três estufas. Em cada uma delas são alojadas 300 embalagens com substrato onde os cogumelos são cultivados. A produção chega a 1.000 kg por ciclo. De acordo com Heloise, os produtores estão ampliando o número de estufas e o principal mercado é Curitiba, que absorve toda a produção por meio dos restaurantes ou atravessadores. 

Mais produtividade
Dinei Sérgio de Souza cultiva champignon desde 2013. "Eu trabalhava com o serviço de segurança, mas queria lidar com a terra e o cogumelo foi a opção porque não dependia de ter uma grande área", contou o produtor. Atualmente ele tem seis estufas e produz 10 toneladas de cogumelo in natura por mês. São necessárias quatro pessoas para trabalhar na atividade e Souza comercializa o produto em conserva. O produto tem até marca própria, a Naturelle, e vende de duas a três toneladas de conserva de champignon por mês principalmente para supermercados. "Nosso diferencial é a qualidade. Nossa produção é quase orgânica", disse Souza. Ele reforça que a maior exigência da produção de cogumelos é o cuidado com a higiene. "Precisa ter cuidado no transporte do composto, das estufas. Em todas as etapas da produção. Tem que ser quase como um centro cirúrgico. É preciso sempre estar estudando sobre a produção porque cada processo é diferente. A cultura tem que ser avaliada diariamente. Às vezes o desenvolvimento dos cogumelos muda em questão de horas. Tem que saber o momento certo de fazer a colheita para não perder a produção", observou o produtor. Souza disse que na propriedade dele o ciclo da cultura é de 70 dias. Porém, ele está mudando o manejo para reduzir esse tempo pela metade e assim aumentar o lucro com atividade.

Reportagem: Roberto Monteiro