Manejo Integrado de Pragas na Soja - MIP-Soja

A produção de soja no Paraná é uma referência em sustentabilidade, devido à adoção de boas práticas agrícolas como o Manejo Integrado de Pragas - MIP-Soja.  Iniciado no Paraná na década de 70, o MIP-Soja traz resultados positivos desde então, auxiliando os produtores a manejarem as pragas na lavoura de maneira sustentável.

A busca por uma agricultura conservacionista é uma demanda crescente da sociedade, neste cenário o IDR-Paraná se posiciona de maneira estratégica para promover o uso racional dos agrotóxicos. A partir da safra 2013/2014, são intensificadas ações de MIP-Soja no estado, em uma parceria, principalmente, entre IDR-Paraná, Embrapa Soja e Senar-PR, adotando a estratégia de agricultores unidades de referências, que conduzem suas lavouras sob os preceitos do MIP. 

Com este trabalho, ao longo de várias safras, demonstrou-se que esta tecnologia permite reduzir em média 51% o número de aplicações de inseticidas em comparação as lavouras sem o uso do MIP, sem comprometer a produtividade das lavouras e resultando em um ganho médio de 2,3 sc ha-1 (Tabela 1). Maior rentabilidade para o agricultor e ganhos ambientais para toda a sociedade devido ao menor uso de agrotóxicos.

Para entender como isso é possível é preciso entender como essa tecnologia funciona. O MIP consiste em um conjunto de táticas que visam o manejo sustentável das pragas agrícolas, considerando fatores econômicos, sociais e ambientais. Toda decisão é pautada em critérios técnicos, integrando diversas ferramentas compatíveis entre si e buscando sempre o uso racional das medidas de controle. 

Para o planejamento das táticas que serão utilizadas no programa de MIP é necessário respeitar suas bases. Diferenciar os insetos com potencial para causarem prejuízos daqueles benéficos ao cultivo, como polinizadores e inimigos naturais, é fundamental para o programa de manejo integrado de pragas. Na sequência, é necessário realizar o monitoramento dos insetos na lavoura, com o objetivo de quantificar e levantar as espécies presentes. 

Na cultura da soja a ferramenta mais utilizada para o monitoramento é o pano-de-batida, por sua eficiência e praticidade, que consiste em um pano, preferencialmente de cor branca, com 1 m de comprimento por 1,20 m de largura, com cabos de madeira nas bordas. O pano-de-batida é colocado entre as fileiras da soja, de modo que uma fileira de plantas será agitada sobre ele, projetando os insetos que serão identificados e contados ao caírem no pano.  O número de pontos amostrados irá depender do tamanho da área, entretanto é importante ressaltar que a quantidade e a localização dos pontos na área devem garantir uma amostragem representativa.

Com as informações do monitoramento é possível tomar a decisão de controlar ou não as pragas, pois estas serão controladas apenas se as densidades populacionais atingirem os níveis de ação. Para isso precisamos conhecer os níveis de ação para cada praga, que é a densidade populacional em que as pragas devem ser controladas para que a população não aumente e atinja o nível de dano econômico (NDE), sendo este a menor densidade populacional de pragas que causem danos econômicos. Os níveis de ação são determinados e validados pela pesquisa, garantindo sua confiabilidade. 

Outro ponto muito importante para a tomada de decisão é conhecer e considerar as condições do ambiente (agroecossistema), pois este fator pode garantir uma supressão natural das pragas na área. Devemos escolher táticas que preservem essas condições favoráveis. Como exemplo, a preservação dos agentes de controle biológico natural, que estão presentes na lavoura contribuindo para que as pragas não aumentem, sem custos para o produtor. 

Sendo assim, após o levantamento de um conjunto de informações, e respeitando as bases da tecnologia, se elabora a melhor estratégia para o manejo das pragas na lavoura. Os resultados expressivos alcançados no Paraná com o MIP-Soja validam para os produtores rurais que existe uma alternativa sustentável, acessível, eficiente e segura de se fazer o manejo de pragas na cultura da soja. 
 

Tabela 1. Resultados acumulados durante sete safras no Paraná, quanto a médias de número de aplicações, dias até a primeira aplicação de inseticida, custo com controle com inseticidas e produtividade de lavouras adotadoras (MIP) e não adotadoras (PR) de estratégias de MIP-Soja.

Quadro 1

1Lavouras com adoção do MIP-Soja, 2Lavouras sem adoção do MIP-Soja; * Soma dos levantamentos ao longo das sete safras